sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Sobre sentimentos, casos e acasos

Gosto do sorriso natural ao ganhar uma flor quase murcha, só por sentir o significado da verdadeira intenção de dá-la. Gosto de beijo surpresa, ou roubado, só por fazer meu coração estalar e se anestesiar segundos seguintes. Gosto da mensagem de madrugada por ser a hora que menos espero recebê-la. Gosto do carinho redigido no guardanapo à mesa do bar. Gosto do pulo na piscina, acompanhado do abraço quente que me protege da água fria. Gosto de levantar da cama para apagar a luz e deixar meu amor deitado, confortavelmente tranquilo. Gosto da companhia nos momentos chatos, por ser uma das provas do quanto sou importante. Gosto da mesa detalhadamente posta para mim, do lençol esticado, do travesseiro fofo, do perfume cítrico. Gosto da frase dita, das verdades que saem do coração.

Sentimentos. Se procurarmos em dicionário o verdadeiro significado dessa palavra, denotaremos que sentimentos são, de forma genérica, informações que seres biológicos são capazes de sentir nas situações que vivenciam, no dia a dia, a cada segundo que passa. Felicidade, amor, carinho, afeto, medo, empatia, antipatia, ódio, alegria, tristeza. São tantos, que ninguém conseguiria descrevê-los, de fato, detalhadamente. Às vezes [quase sempre], paro e fico pensando o que isso tudo significa para mim. O quanto o amor move a minha vida; o quanto meu coração enche de tristeza nas despedidas; o quanto fico de mau humor quando tenho que acordar mais cedo; o quanto fico indignado com a inveja, com a indiferença e com o descaso; o quanto fico radiante com a companhia de alguém especial.

Escrevo sobre o amor, sobre as alegrias da vida, dos passeios no parque, da tarde quente e aconchegante, do azul bonito do céu, do sorriso na rua, dos abraços, da companhia insubstituível, do sol quente, do verde das plantas, do contraste das cores, da beleza da água quando estou verdadeiramente feliz. Escrevo da ausência, da saudade, do abandono, da frase não dita, da espera boba, dos porquês que incomodam quando estou triste, melancólico, melodramático. Escrevo do trânsito caótico, do abuso no trabalho, da falta de responsabilidade, do motoqueiro que quase bateu no meu carro, do não entendimento, das obrigações chatas quando estou com raiva, indignado, com ódio momentâneo.

O fato é: tudo que faço bem, ou que tento fazer bem, depende do meu estado emocional. Acredito que não tem como separar os sentimentos do 'físico'. Minha pele fica mais bonita, minhas rugas diminuem, meu intestino funciona melhor, minhas roupas me vestem melhor quando estou mais feliz. É notório. Então, como dizer que não são questões que se complementam? Ou melhor, o sentimento é uma questão que determina todas as outras. E a partir de então, começamos a perceber que os acasos, ou os casos e causos de nossas vidas foram e são determinados pelos nossos sentimentos. É simples! Posso estar transbordando de alegria, mas se acontece alguma coisa inesperada que me incomoda, que me deixa preocupado, a felicidade se transforma em uma expressão marcante, um determinante. Entendem?

Gosto muito do texto "Relacionamentos", do Arnaldo Jabor, que fala sobre sentimentos, experiências, considerações e visões sobre o quanto precisamos enxergar algumas verdades de outra forma. Mas discordo um pouco aqui: "... E não temos esta coisa completa. Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama. Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel. Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador. Às vezes ela é malhada, mas não é sensível. Tudo nós não temos"! Como assim, tudo nós não temos? Concordo que, de fato, as coisas são assim. Mas falo que discordo porque acredito que isso também depende de nós. Meu amor é perfeito para mim, mesmo com seus defeitos. E o restante? Basta eu tentar mudar. Se eu não vou ser para o outro tudo aquilo que ele gostaria, porque ele tem que ser para mim tudo o que eu queria? Somos mutáveis, e até isso depende do quanto gostamos, queremos de verdade, acreditamos. Tudo depende de encaixe, de vontade, de empenho.

Para o dia ser belo, é preciso que eu acorde de bom humor, de sorriso de orelha a orelha, de pé direito, de calor, de aconchego. É simples, é coerente. Meus sentimentos fazem com que eu siga meus dias, mais ou menos empolgado, mais ou menos confiante, mais ou menos determinado. As surpresas boas, geralmente, vêm quando eu estou radiante, quando tudo está bem; as ruins insistem em fazer com que eu repita: "tudo pode piorar mesmo!" E assim seguimos nosso fluxo, sem, muitas vezes, perceber o quanto isso nos rege, o quanto queremos e esperamos por sentimentos bons...

4 comentários:

nubia disse...

Sentir é o que nos faz 'ser humano'. Parece simples mas é muito complexo!

Beijos

Núbia - www.nubibella.com

Vida! disse...

a perfeição está onde queremos que ela esteja, depende do ângulo de visão, e vc é perfeito vida!

Pedro felipe disse...

Os sentimentos nos movem, o fisíco reflete nosso estado de espírito, queremos e sobretudo esperamos muito por bons sentimentos...
Você descreve tudo!
És incrível!!!

Unknown disse...

entendi seu ponto de vista sobre o texto que comentamos "Relacionamentos"... Adoroooo seus textos!!! Codornaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!