quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

À espreita

É como se tivesse parado no tempo, esguio, pensativo, melancólico, cansado, esperando... Como se esperasse! Aquela sensação de que as horas não passam, os minutos se eternizam e o dia se arrasta. Como se esperasse um telefonema diferente, uma mensagem inédita, uma 'surpresa surpreendente'. Como se o dia não fosse dia, como se a manhã fosse noite e como se a noite fosse sono. Resume-se em esperar!

Refletir no rosto a dúvida, a incerteza, a falta de memória, a confiança e os desejos fazem de nós escravos do mundo, escravos da exitência. O que eu fiz ontem? Se tiver interesse em saber, poderia sentar e narrar detalhe por detalhe, minuto por minuto e, ainda assim, surpreenderia-te com os detalhes de quantas vezes ao dia reservo meu pensamento a você, e só a você. Não é esforço... mas passa a ser icógnita. Deparar com coisas que não sabia, que saltam aos olhos, e sentir como se não fosse importante; como se não fosse relevante lembrar, relembrar e contar.

É coisa de pele, de toque, de abraços. É coisa de interesse, de esforço e de disse-me-disse. Coisas que eu faço e não percebo; coisas que me empenho; coisas que se destacam. Ainda assim, é como se vivesse à espreita; como se sentisse que fizesse apenas a obrigação, e nada mais que a obrigação. Se assim é, porque não reflete tudo isso? Porque não é da mesma forma da outra parte? A metade. Ou a maior metade [etranho. não é?].