terça-feira, 10 de novembro de 2009

Mais um pedacinho de mim

Não queria mais ter que escrever de mim; mas sempre que separo tempo para escrever, de facto, é quando quero falar sobre sentimentos - meus sentimentos. É complicado, por que sinto e sei que meu coração é bom, mas que ele é abalado 'vez em quando'. Primeiro, antes de tudo, quero que entendam que não estou me vitimizando, e muito menos que quero me enaltecer. São características que não me pertencem, e que não fazem parte do meu dia-a-dia.

J-u-r-o! Eu juro que tento ser a melhor pessoa possível para aqueles que convivem comigo. Tento ser o melhor filho, tento ser o melhor marido, tento ser o melhor profissional, o motorista compreensivo, o neto presente, o sobrinho querido. Tento ser o amigo fiel, confidente, esforçado. O aluno dedicado, o companheiro exemplar, o irmão exemplo. E sabe o que é mais estranho? Poucos percebem que t-e-n-t-o por que esse sou eu, é o que sinto, o que quero ser... não para impressionar, ou para agradar, ou para receber elogios. Isso faz parte do meu ser, da minha formação e daquilo que trago do berço.

Eu tento, a cada segundo do meu dia, ser atento àquilo que tenho que fazer, aos mínimos detalhes, para não me tornar vulnerável, fraco ou digno de críticas. Tento surpreender, e agradar. E isso me faz bem! Muito bem! Só que quando as coisas desandam, e você não entende o que o outro está falando, as coisas se complicam.

Os meus defeitos, às vezes [quase sempre], superam as minhas qualidades. E isso serve de pretexto para esquecer todo o esforço anterior, tudo de bom que fiz, e o quanto tenho tentado só acertar. Serve como pretexto para se criticado, e xingado, e rebaixado. É revoltante. E com todos os direitos, acredito. E fico triste [sim, essa é a palavra], mais triste ainda, quando penso que essa é a ordem natural das coisas. Fugindo um pouco das pessoalidades, ilustro essa situação quando, qualquer um, erra no trabalho. Você pode ter sido, durante dois, três, quatro ou cinco anos, o melhor profissional que a empresa já teve em toda sua história, mas se você erra uma vez, uma vez que seja, é motivo para você ser apedrejado, ser rebaixado e julgado.

A sorte, ou o azar [para ser mais exato], é que as pessoas têm memória fraca. Então, tudo que se faz anteriormente é esquecido, é deixado de lado. Só importa o agora! E não! Não é assim que as coisas deveriam ser. É muita injustiça. Somos passíveis de erros, e temos o direito de errar e reerguer, tentar de novo, e errar, e aprender. Mas só que ninguém anda sozinho no mundo. E ninguém, por melhor que seja, consegue fazer algo bom sozinho. A raiva cega as pessoas, e ela machuca. Se eu falo besteiras quando estou com raiva, é fácil para mim esquecer o que disse quando a 'poeira' abaixa; mas e aquele que escutou o que eu disse? Que sentiu a raiva? Que teve que engolir letra por letra, digerir, e seguir em frente?

São coisas do dia-a-dia. São coisas que nos fazem crescer, e que nos ensinam a seguir da mesma forma que antes!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A minha mãe é surpreendente

Estive um tempo parado, confesso. Estive um tempo ocupado demais para me preocupar comigo, só comigo. Estive um tempo tomando conta de minhas prioridades. As coisas, como sempre, foram acontecendo de uma maneira rápida. Uma maneira que eu só consegui acompanhar abrindo mão de minhas outras vontades e coisas que gosto de fazer com frequência. Uma promoção inesperada no serviço, os salários atrasados, as contas, os sonhos, o concurso e uma cirurgia. Foram dias conturbadíssimos. Deliciosamente conturbados!

A minha mãe veio me acompanhar. E, além disso, desse simples fato, ela veio me lembrar que sempre está e sempre estará me acompanhando em tudo. Minha mãe é um anjo! Eu havia me perdido entre o caminho. Em algum lugar eu esquecera de que realmente eu posso contar com ela, e que ela sempre fará de tudo para que eu siga feliz. Chega a ser ingrato: minha mãe só queria participar. Ela tomou as rédeas da situação e chegou pisando firme, forte, decidida. Confesso que ela me assustou, no início, mas depois percebi que estava tentando me proteger.

Ultimamente, quando ela falava que tínhamos uma ligação única, eu não a sentia mais. Ou até sentia, e só tentava repreender. Mas batia mais forte dentro do peito, e eu realmente sabia que era coisa de alma. Engraçado que ela consegue amar os três filhos da mesma forma, como ela sempre insiste em dizer; mas a nossa sintonia é coisa maior, é coisa de Deus. Ela chegou, ficou e decidiu que vai participar. Que quer continuar me vendo feliz... E para isso, ela passou por cima de tudo que acha normal, e de tudo que acredita ser certo. Ela confia em mim!

Eu sei que é fácil falar que isso é natural, que toda mãe é assim. Mas não; não mesmo! Só quem viu minha mãe tomando, talvez, a decisão mais difícil da vida dela pode entender o sentimento que ela tem por mim. Ela ficou uns quatro dias aqui, veio para cuidar de mim, para me proteger. E saiu daqui feliz, tranquila, me abençoando. Minha mãe fez tudo o que pôde para seguir comigo serena, certa, sem sofrer e sem os maiores medos que a atormentavam. Ela esteve comigo todos os dias, e eu acostumei a acordar com ela me entregando o copo de vitamina gelado para tomar com meu remédio. E se passava um minuto, ela já quase surtava.

Não falo só de mãe. Mas, tenho certeza, que ninguém tem o cuidado que minha mãe tem comigo. Ela faz falta, agora. Uma falta gostosa, que aperta o peito, e que me faz lembrar os presentes que ela me deu enquanto estava aqui, tão próxima, fisicamente. Sim, fisicamente. Porque de todas as outras formas que existem, ela está próxima de mim, pertinho, grudada. Eu sou ela, e ela sou eu. E a benção dela foi muito importante para que eu seguisse confiante, e para que continuasse sonhando os sonhos mais bonitos. Minha mãe é única!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Me incomode, sempre

Como todos os outros, ontem, o meu dia foi muito especial. Fomos a um grupo da Renovação Carismática, na Servos de Deus, e a reflexão da noite foi interessantíssima. Uma coisa divina mesmo; é a única maneira que dá para explicar. As músicas antigas, que gostamos de ouvir sempre que voltamos a frenquentar a Igreja; uma, dua, trêz vozes maravilhosas em coro; pessoas muito ungidas, abençoadas, e a melhor companhia do mundo. Tudo se encaixa perfeitamente, e não há como não grudar os joelhos no chão e não agradecer... agradecer a vida, as conquistas, os presentes e, claro, até mesmo os problemas.

"Eu quero ser incomodado!" Essa foi a frase da noite. Estranho quando paramos para pensar o sentido literal dessa palavra. Estranhíssimo, para falar a verdade. "Causar incômodo a; molestar: incomodar os vizinhos. Desgostar, aborrecer: não me incomode tanto. Causar incômodo a si mesmo; molestar-se, cansar-se, zangar-se. Dar-se ao trabalho de; preocupar-se: não se incomode, por favor." Minha cabeça virou um turbilhão. Em meio às palavras maravilhosamente colocadas na boca daquele homem, eu me sentia vivo, tocado, mexido.

"Eu quero ser incomodado pelo seu amor!" Então veio, realmente, a reflexão sobre a qual quero comentar. Ele falava com o coração, ele dizia que Deus queria ser incomodado pelo nosso amor, que Ele queria sentir o quanto nós o amamos. E tudo isso tem um pouco a ver com o texto anterior. Nós, por todos os motivos que estamos cansados de perceber, ignorar e relevar, estamos acostumados a não demonstrar o amor por quem amamos. Não só por Deus, digo. Por todos! É um amigo de infância que escolheu uma profissão diferente, é a família, os amigos recém-sumidos, os amigos do peito, o amor da sua vida... Com o tempo, a coisa vai ficando de escanteio. E faz mal! É ruim.

Eu quero ser incomodado sempre pelo amor, e pelas demonstrações de amor,' dos meus amigos, que tanto me fazem falta, mas que mesmo sabendo [ou por saber] que os amo, insistem em não me 'incomodar'. A mensagem de madrugada, a ligação fora de hora, a palavra certa na hora errada. Quero ser incomodado pelo amor do meu amor, sempre, para me sentir vivo, quente, acolhido, especial. É coisa de alma, de alma gêmea. Não me vejo em uma rotina monótona de costumes e seguranças, que fazem da gente robôs que vivem o dia a dia da maneira mais mórbida e infétida possível. É necessário movimento, cutucões, beliscões e empurrões.

Quero explodir os pulmões ao gritar e incomodar as pessoas que eu amo, que eu dedico meus segundos de pensamentos, lembranças e nostalgias. Quero ser incomodado pela minha família, que se acostumou a só esperar meus telefonemas com as notícias boas, e nem sempre boas, do meu dia. Quero ser incomodado pelo favor, pela cobrança, pelo amor de quem devota um tanto de sentimentos bons por mim. Quero ser sempre incomodado pela pessoa que eu escolhi dividir todos os segundos dos meus dias, dividir o meu para sempre, provando o quanto o amo, e o quanto vou incomodá-lo por me tornar melhor; realmente 'incomodado'.

Eu quero, definitivamente, que as pessoas que gostam de mim, me incomodem sempre. Porque, dessa forma, todos estarão comigo o tempo inteiro. E eu quero incomodar quem eu amo, provando o quanto esse amor é sincero, e o quanto ele faz parte do meu todo. Eu quero incomodar. Eu quero ser incomodado!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Acostume-se a não acostumar

A gente se acostuma a acordar cedo todos os dias, e a ficar sem as oito horas de sono necessárias. A gente se acostuma com o trânsito caótico, com o calor insuportável, com a falta de tempo e a correria. A gente se acostuma com a falta de pai e mãe, de amigo e parentes queridos. Se acostuma a não receber bom dia, e ignorar quem te ignora. A gente se acostuma com os problemas políticos e com os juros altos. Acostuma a não receber em dia e a pagar as contas atrasadas. A gente se acostuma até com os problemas de saúde. A gente se acostuma a acostumar com tudo!

A gente se acostuma a não sofrer como da primeira vez. Se acostuma a passar um dia longe, e aceitar que no outro dia tudo volta ao normal. A gente se acostuma com a cama vazia, ou até mesmo com ela cheia, quando não mais acordamos com o entusiasmo de outrora. Se acostuma a esperar o amigo ligar, e se ele não ligar, a gente se acostuma a falar que ele sumiu, e que não gosta mais da gente. A gente se acostuma a esperar, a receber.

A gente se acostuma a trabalhar nos finais de semana e feriados, e até mesmo nas madrugadas. A gente se acostuma a engolir sapos e vespas. Se acostuma a não mandar mais mensagens como antigamente; se acostuma com a certeza, com a dúvida e com o medo. A gente se acostuma com as desavenças, com os barrancos e com os erros. Se acostuma com as manias. A gente se acostuma com o dia a dia.

Não falo sobre isso como se fosse um problema, ou uma coisa ruim. Falo disso por que é a ordem das coisas, e tudo isso acontece de maneira natural, sem que soframos muitos impactos ou sustos. Tanto é que, pouquíssimas vezes, paramos para realmente pensar sobre! A segurança, as certezas, a rotina, a sequência são fatores que fazem com que lidemos bem com isso, de forma que não há problema em acostumar-se. Adianta falar que depois de pensar tais coisas, eu irei mudar tudo? Que eu irei acampar na porta da empresa que não me paga? Que irei militar a favor da saída do Sarney? Que irei dormir mais cedo?

Ahhh... Mas o amor [olha ele aqui de novo!]. O amor sim, faz a gente mudar, a gente melhorar, a gente, pelo menos, tentar ser o melhor para o outro. O amor de família, o amor de amigo, o amor de vida! Eu não vou me acostumar com a falta de beijo apaixonado; eu não vou me acostumar a não fazer surpresas para meu amor; eu não vou deixar que o cansaço me vença. Problemas? Todos nós temos, mas isso serve para fortalecer ainda mais o sentimento que é real, que é sincero e que já é parte inteira de você! Pelo amor, tudo! Eis aqui um pouco daquilo que eu prometo ser sempre para você! Porque o amor me move...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Para o amor, o tempo é relativo

Poucas vezes eu tive a sensação de que conhecia uma pessoa há mais tempo do que realmente a conheço. É uma coisa engraçada de pensar, de analisar e, claro, de tentar entender. Há dois meses, conheci a pessoa mais especial da minha vida. Mas a sensação é de que tem dois anos que estamos lado a lado, juntos todo o tempo. Eu sei que é coisa de pele, de alma, de química; uma coisa que transcende o físico. Acreditem se quiser, mas realmente, chego a pensar em outras vidas e, às vezes, chego a cogitar o fato de comentar tão doce teoria.

Ficaria piegas falar mais uma vez em toques, beijos, abraços. Nada mudou, e tenho certeza de que essa perfeição vai continuar da mesma forma. Quando amamos de verdade, vivemos isso de forma bela, plena; vivemos para isso, porque, afinal, é o que nos deixa realmente feliz. As coisas vão, naturalmente, acontecendo.



Então chega a data. Hoje estamos fazendo dois meses! Mas é só esse tempo mesmo? Parece que tem mais; muito mais! E volta aquela velha reflexão de tempo. Tempo é relativo. Sabemos que não tem tempo exato para que o amor nasça, que não tem tempo exato para que ele se fortaleça, que não tem tempo para que as coisas aconteçam. É aquela velha máxima: nada é igual, nada é imutável. Não soaria nada estranho se eu falasse que quando te vi pela primeira vez, sabia que seria você! Eu lutei por isso, e nós fomos nos encontrando, nos moldando e nos fortalecendo.

Um amor dura uma vida toda. Uma vida dura um dia, dois dias, três ou quatro... uma vida dura o quanto você faz dela especial, alegre, cheia de coisas e de sentimentos bons. Uma vida dura enquanto você a divide com outra pessoa, quando você se encontra no outro, quando você se sente completo ao estar com o outro. É um sentimento de eternidade, de intimidade, de assiduidade, de devoção. É o pouco do quanto eu quero ser para meu amor! E eu quero ser sempre o melhor que puder.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A menina em seu espelho

Ontem aconteceu uma coisa inusitada; digo, diferente. Ao conferir minha caixa de email pela milésima vez, como rotineiramente faço todas as manhãs, recebi um pedido de uma amiga, de uma amiga querida. "Rod, quando nao tiver ideias. Poste. É assim que ando me sentindo!" Confesso que fiquei surpreso, um pouco desentendido, e um pouco admirado. Ao ler aquelas palavras, consegui entender o que ela está sentindo, consegui entender o que ela estava querendo dizer. Falo isso porque, em algum momento de nossas vidas, todos sentimos isso. É um pesar, um fardo que todos carregamos. Há identificação, há semelhanças. E apesar de estar na melhor fase de minha vida, sou solidário a isso, sou apaixonadamente solidário a esses sentimentos.

Existe uma uma menina em meu espelho que eu quero saber quem é. Às vezes eu penso que a conheço, às vezes eu realmente desejo conhecê-la. Tem uma história em seus olhos: canções de ninar e despedidas quando está olhando para mim.
Eu posso dizer que o seu coração é machucado facilmente
Porque a menina em meu espelho está gritando esta noite. E não há nada que eu possa lhe dizer para fazê-la sentir melhor. A menina em meu espelho está chorando por sua causa e eu gostaria que houvesse algo que eu pudesse fazer
Se eu pudesse eu lhe diria para não estar receosa. E que a dor que está sentindo, a sensação de solidão irá acabar
Então seque suas lágrimas e descanse, o amor a encontrará como antes. Quando ela está olhando para mim, eu descubro que nada é tão fácil assim
Eu não posso acreditar no que vejo - a menina no espelho sou eu.


Por Tainá Rakan Borela. Um suspiro, um pedido de uma amiga, um abraço forte.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Sensitividade natural

Eu sempre soube que as pessoas não nasceram para ficar sozinhas. Mesmo assim, como todos, nos momentos mais difíceis, de fraqueza, cheguei a acreditar no contrário. Praguejei algumas calúnias e esmurrei o ar com luvas de boxe. Senti-me injustiçado, vítima e sem vida. Fui infame ao achar que seria um solteirão solitário, acompanhado das taças de champanhe metade vazias, e das noites vagas. Quis que todos os meus amigos se mantivessem assim, e que seguissem o fluxo natural do meio, do dia a dia, das rotinas existentes.

E todos os acontecimentos me levaram a pensar no quanto somos mutáveis, e no quanto aprendemos com as experiências, com a convivência e com o passar do tempo. Sei que estou mudando, e que faço isso porque me sinto bem, me sinto feliz, me sinto realizado. Hoje, posso enumerar diversas situações, ou diversos jeitos de se enxergar a vida. Com você, tudo é mais claro, mais coeso e simples. As manias que o outro carrega faz com que me veja induzido a adquiri-las; no início, mais para agradar do que, de fato, se tornar uma necessidade. E então, tudo começa a ficar gostoso, natural.

A cama sempre arrumada, as roupas guardadas no devido lugar, o lençol esticado, a casa sempre limpa. O tempo me mostra o quanto é bom adquirir essas responsabilidades e o quanto é bom se aproximar de coisas que, naturalmente, vão se tornando suas. Aí logo depois você começa a sentir falta de passar as mãos nas costas, de colocar a mão no meio da perna, de deixar a luz baixa, de sentir o lugar quente. Começa a entender que, naturalmente, aquilo faz parte da sua vida... que aquilo, de fato, é a sua vida! É a melhor sensação do mundo. É indescritível!

Imaginem quando está longe! Imaginem quando você acostuma com tudo isso e, de repente, você se vê um ou dois dias distante e, então, você, literalmente, não sabe o que fazer, como agir e até mesmo o que falar. Falta! É questão de metade. E que seja metade da laranja, a tampa do jarro, o parzinho do vaso, o cadarço do tênis, a moeda mais importante da coleção, a alma gêmea. Mas aí você para e começa a pensar: logo logo mais conquistas. O apartamento, as meias na mesma gaveta, as roupas no mesmo guardarroupas, os mesmos gostos adquiridos, as mesmas vontades, os mesmos sonhos...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Me consome

Hoje eu acordei com frio. Um frio diferente, que tomava meu peito. Um frio que deixava de lado todo o calor goianiense que já se formava às sete da manhã. Um frio que me congelou e que me fez enrolar e rolar na cama. Um frio que cobertor nenhum aquecia, que a falta congelava, que o silêncio consumia. Era como se tivesse em um filme antigo, uma paisagem preta e branca, uma monotonia sem fim. Ou talvez nem fosse isso... talvez, a palavra certa seria falta, seria saudade!



"A presença da ausência me consome". Penso, reflito, devaneio, me escondo nesse pensamento. São inícios de semanas penosas, complicadas e doídas. A falta de pele, de toque, de beijo de boa noite e de bom dia, de pés macios acariciando-se, de braço suado, de encaixe perfeito. A cama grande, o lençol amassado nos lugares errados, o travesseiro faltando, o cobertor de casal vazio. Dói não sentir o ar que sai da sua respiração, dói muito não sentir o seu cheiro bom ao acordar, o gosto de café quente na boca macia, o sorriso perfeito, o brilho único do olhar. É a força que falta para seguir meus dias.

Resumo tudo em espera, em força e em projeções. Reúno forças no futuro próximo, na chegada no meio da semana, no final do dia, no coração acelerado, nas mensagens recebidas. Sonho com um futuro certo, com idas e vindas compartilhadas, com complementações. Tenho no coração, hoje - e para sempre, o amor que só sentimos uma vez na vida. O amor com o qual sonhamos, criamos nossos contos de fada. "Carrego o seu coração comigo. Carrego-o no meu coração". Se for preciso, sempre esperarei você chegar, porque só com você me sinto completo, definitivamente.

Não consigo e não quero mais imaginar a minha vida sem você! A saudade, quando você não está, é mais significativa, é mais entendida. Dói, aperta, esfola, consome...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Sobre sentimentos, casos e acasos

Gosto do sorriso natural ao ganhar uma flor quase murcha, só por sentir o significado da verdadeira intenção de dá-la. Gosto de beijo surpresa, ou roubado, só por fazer meu coração estalar e se anestesiar segundos seguintes. Gosto da mensagem de madrugada por ser a hora que menos espero recebê-la. Gosto do carinho redigido no guardanapo à mesa do bar. Gosto do pulo na piscina, acompanhado do abraço quente que me protege da água fria. Gosto de levantar da cama para apagar a luz e deixar meu amor deitado, confortavelmente tranquilo. Gosto da companhia nos momentos chatos, por ser uma das provas do quanto sou importante. Gosto da mesa detalhadamente posta para mim, do lençol esticado, do travesseiro fofo, do perfume cítrico. Gosto da frase dita, das verdades que saem do coração.

Sentimentos. Se procurarmos em dicionário o verdadeiro significado dessa palavra, denotaremos que sentimentos são, de forma genérica, informações que seres biológicos são capazes de sentir nas situações que vivenciam, no dia a dia, a cada segundo que passa. Felicidade, amor, carinho, afeto, medo, empatia, antipatia, ódio, alegria, tristeza. São tantos, que ninguém conseguiria descrevê-los, de fato, detalhadamente. Às vezes [quase sempre], paro e fico pensando o que isso tudo significa para mim. O quanto o amor move a minha vida; o quanto meu coração enche de tristeza nas despedidas; o quanto fico de mau humor quando tenho que acordar mais cedo; o quanto fico indignado com a inveja, com a indiferença e com o descaso; o quanto fico radiante com a companhia de alguém especial.

Escrevo sobre o amor, sobre as alegrias da vida, dos passeios no parque, da tarde quente e aconchegante, do azul bonito do céu, do sorriso na rua, dos abraços, da companhia insubstituível, do sol quente, do verde das plantas, do contraste das cores, da beleza da água quando estou verdadeiramente feliz. Escrevo da ausência, da saudade, do abandono, da frase não dita, da espera boba, dos porquês que incomodam quando estou triste, melancólico, melodramático. Escrevo do trânsito caótico, do abuso no trabalho, da falta de responsabilidade, do motoqueiro que quase bateu no meu carro, do não entendimento, das obrigações chatas quando estou com raiva, indignado, com ódio momentâneo.

O fato é: tudo que faço bem, ou que tento fazer bem, depende do meu estado emocional. Acredito que não tem como separar os sentimentos do 'físico'. Minha pele fica mais bonita, minhas rugas diminuem, meu intestino funciona melhor, minhas roupas me vestem melhor quando estou mais feliz. É notório. Então, como dizer que não são questões que se complementam? Ou melhor, o sentimento é uma questão que determina todas as outras. E a partir de então, começamos a perceber que os acasos, ou os casos e causos de nossas vidas foram e são determinados pelos nossos sentimentos. É simples! Posso estar transbordando de alegria, mas se acontece alguma coisa inesperada que me incomoda, que me deixa preocupado, a felicidade se transforma em uma expressão marcante, um determinante. Entendem?

Gosto muito do texto "Relacionamentos", do Arnaldo Jabor, que fala sobre sentimentos, experiências, considerações e visões sobre o quanto precisamos enxergar algumas verdades de outra forma. Mas discordo um pouco aqui: "... E não temos esta coisa completa. Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama. Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel. Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador. Às vezes ela é malhada, mas não é sensível. Tudo nós não temos"! Como assim, tudo nós não temos? Concordo que, de fato, as coisas são assim. Mas falo que discordo porque acredito que isso também depende de nós. Meu amor é perfeito para mim, mesmo com seus defeitos. E o restante? Basta eu tentar mudar. Se eu não vou ser para o outro tudo aquilo que ele gostaria, porque ele tem que ser para mim tudo o que eu queria? Somos mutáveis, e até isso depende do quanto gostamos, queremos de verdade, acreditamos. Tudo depende de encaixe, de vontade, de empenho.

Para o dia ser belo, é preciso que eu acorde de bom humor, de sorriso de orelha a orelha, de pé direito, de calor, de aconchego. É simples, é coerente. Meus sentimentos fazem com que eu siga meus dias, mais ou menos empolgado, mais ou menos confiante, mais ou menos determinado. As surpresas boas, geralmente, vêm quando eu estou radiante, quando tudo está bem; as ruins insistem em fazer com que eu repita: "tudo pode piorar mesmo!" E assim seguimos nosso fluxo, sem, muitas vezes, perceber o quanto isso nos rege, o quanto queremos e esperamos por sentimentos bons...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Mais que seu filho, eu sou seu fã!

“Naquela mesa ele sentava sempre, e me dizia sempre o que é viver melhor. Naquela mesa ele contava estórias e, hoje, na memória, eu guardo e sei de cor. Naquela mesa ele juntava gente e contava contente o que fez de manhã; e os seus olhos era tanto brilho, que eu, mais que seu filho, eu fiquei seu fã!”

Falar de pai, é falar de amor de pai, amor de filho, de gratidão, de cumplicidade, de exemplo e de espelho; falar de broncas, de gestos, de memórias, de puxões de orelha, de gargalhadas, de uma vida inteira; falar com o coração, falar com a alma e com o simples sorriso dele que eu carrego comigo. Letras de músicas, de poemas, de cantigas e de histórias – os nossos pais são inspiração para tudo nesse mundo. Meu pai, sem dúvida nenhuma, é meu ídolo!

Quando nascemos, não conseguimos distinguir nada; ainda não temos a noção do que logo adiante está preparado e pronto para nós. E a partir daí, precisa-se de muito pouco para começarmos a perceber que aquela mão grande e confortável é e será a nossa fortaleza. É a mão que estará ali, pronta para ajudar e acudir a gente, sempre que precisarmos. Os nossos pais, o meu pai, foi o alicerce inicial necessário para que pudesse, de fato, nascer... foi o presente de Deus na minha vida, e foi o que de melhor poderia ter acontecido; uma das maiores provas de Seu amor por mim. Meu pai é meu exemplo!

É impossível não lembrar da lágrima presa aos olhos, quando ele nos deixou pela primeira vez no colégio chorando. É impossível não notar a força que ele sempre nos passou, mesmo quando sabia que não estava nada bem. É impossível não agradecer o abraço forte, apertado, o aconchego, o carinho sem jeito, o sorriso embargado, o gesto desengonçado. É impossível não agradecer o grito, o entusiasmo, a companhia nas competições de natação, no campo de futebol, na luta do judô, nos festivais de ballet, no jazz, ou nas rodas de capoeira. É impossível não se referir à confiança de todas as horas, dos passeios aos domingos, das reuniões de família quando ele pedia silêncio, com a voz forte e grossa, para que pudéssemos fazer a oração. O churrasqueiro das reuniões, o motorista das idas à distribuidora, o despertador dos domingos de missa, o super-herói dos nossos melhores filmes, o galã da novela das oito. Meu pai é aquele que eu sempre quis ser!

Aqui entra uma questão conflitante: é impossível ser igual aos nossos pais. Meu pai é o melhor! "Filho de peixe, peixinho é!" Confesso que tento, ao máximo, ser tudo aquilo que ele é, e tudo aquilo que ele significa para mim, minha família e até mesmo meus amigos. Me sinto tão orgulhoso quando ouço: seu pai é o máximo! Estufo o peito e repito: meu pai é o máximo! Então o tempo vai passando, as coisas vão mudando, e continuamos amando cada vez mais os nossos pais. A educação que ele me deu, as palmadas bem dadas, a coragem de me deixar crescer e me entregar ao mundo. A confiança de ter entregado o carro pela primeira vez, a bronca na minha mãe quando ela quis ligar no meio da madrugada, o dinheiro escondido, o esforço de me dar uma viagem de presente. Meu pai é meu anjo da guarda!

'Pai, Eu não faço questão de ser tudo. Só não quero e não vou ficar mudo para falar de amor para você! Pai, eu cresci e não houve outro jeito; quero só recostar no teu peito, Para pedir para você ir lá em casa... Pai, você foi meu herói, meu bandido; hoje é mais, muito mais que um amigo. Nem você nem ninguém está sozinho. Você faz parte desse meu caminho, que hoje eu sigo em paz!' Meu pai é meu mundo!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

O agora, para sempre!

Não importa o que pensam. Não importa o quanto parece loucura. Não importa o que digam. Reiterando: não importa (mesmo!) o que digam! É de coração, é de alma, é de semblante, de toque, de semelhanças, de complementações. É de abraços, de toques, de prazeres, de beijos molhadas, costas suadas, pernas entrelaçadas. É de saudades, de abismos, de despedidas, de solidões, de falta. É de igualdade, de ternura, de sentimentos, de apertos e de puxões. É de chocolate, é de sal, é de diferenças, é de misturas, é de inexplicáveis coisas. É de pensamentos, é de coincidências, de transmissões, de nostalgia, de afazeres. É clichê, é novo, é eterno, é de sonhos, de projeções e de vontades.

Eu já repeti, poucas vezes, algumas frases e vontades na minha vida. E tudo na minha vida transborda amor! Amor. Sentimento mais 'usado', falado, sentido, esbofeteado, apedrejado, cuidado, almejado, querido sobre o qual já ouvi falar. Prometi um 'para sempre' que até cheguei a achar que não existiria, em nome dessa certeza. Prometi a companhia de alguém que estaria realmente ali; mas os infortúnios e os contratempos insistiram em não cuidar daquilo, de nós, dos outros, de todos. Disse que tinha certeza de algo, mas não bastou, já que não tinham certeza da reciprocidade. Já sonhei com vidas se cruzando, se agrupando e realizando a eternidade... eternidade que só o amor promete, permite e abrange.

Não tenho intenção de falar do amor (enquanto sentimento) em si, em suma. Não temos propriedade para isso; ninguém tem. Mas falo do meu amor, daquilo que sinto, das minhas certezas... ainda mais certas do que nunca. Os amores de amigos, que se tornam nossa família; a frase bem pregada de uma 'irmã' ao dizer: "Seja benvindo à nossa família!" Um afago ao coração. Um abraço do amor de avó, um aperto no coração ao despedir dos pais, da minha 'vida'! A falta que me faz, o sentido que me completa, o valor que começo a dar a tudo que me cerca.

Exagero é não se entregar, é ter medo, é não acreditar. Exagero é deixar a desilusão, as experiências passadas, os tombos, os tropeços, os erros atrapalharem o presente, o futuro. Exagero é não lidar com os problemas, com a insegurança, com o julgamento, com a desconfiança. Exagero é não amar! Pouco tempo, muito tempo, tempo necessário... O amor transforma essa propriedade em algo relativo; só ele tem esse poder. 'Todos nós temos o nosso tempo!' Ou 'cada coisa no seu tempo'. Quando vi, estava não só transbordando, mas jorrando amor. E é assim que me sinto realmente feliz.

No passado, cheguei a sonhar coisas semelhantes; repeti alguns jargões, fiz frases ditas, encaixei peças necessárias. E, hoje, tenho orgulho de dizer que foram necessárias. Foram necessárias para me mostrar o quanto hoje é mais completo, mais seguro, mais forte, mais certo! Necessárias para que eu aprendesse que não basta querer sozinho. Necessárias para me mostrar que não dá para seguir tentando, insistindo, sofrendo; que quando menos esperamos, Deus nos dá. Necessárias para me fazer acreditar que existe alma gêmea, que existe 'a metade da laranja'. Necessárias para fazer com que eu veja que está na hora, que agora sim é o que sempre quis. Necessárias para serem cuidadas, acariciadas e minuciosamente regadas. Necessárias para dizer: eu te amo, e é com você que quero viver o meu 'para sempre'!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

As escolhas na contramão

Ações, complementações, vivências, experiências, filtro. A vida é feita de escolhas, e nós utilizamos as nossas vontades da forma mais simples e prática que conseguimos. Se eu quero ir à sorveteria no meio da tarde, eu arrumo um jeito e vou. Se eu quero dormir mais cedo, eu nego todos os convites e caio na cama. Se eu quero sair para dançar, eu saio e me distraio ao máximo. Se eu quiser aceitar um convite para jantar, não penso nem duas vezes. Se quero viajar no final de semana, convido alguns amigos e vou. Se quero visitar meus pais, me viro em três e consigo tomar o rumo. A questão é: As nossas escolhas dependem de nós, apenas de nós. Mas aí começo a pensar: o quanto isso é verdadeiramente dessa forma?

Em um tempo bem remoto, cheguei a aceitar convite de amigos para as baladas exageradas e rotineiras mesmo sem querer. Saí da cama no meio da madrugada para cuidar do conhecido que tinha saído do boteco bêbado. Viajei para o interior para agradar meus pais, mesmo tendo a oportunidade de fazer outra viagem. Sorri para o amigo triste, mesmo querendo chorar. Me calei diante da vontade do outro. Passei por cima de princípios e valores para tentar agradar. Proferi palavras infames, mesmo não me sentindo à vontade. Falei o que você queria ouvir, apenas para te ver satisfeito. Eu carreguei o peso nas costas, e deixei os outros leves, soltos e tranquilos. Eu briguei por ideais que não eram meus. Eu me fingi forte, para não incomodar. Eu enfrentei tempestades, e me fiz fortaleza. Eu engoli vespas, e não consegui digeri-las.

Sei que não é só comigo, e que tudo na vida é fase. E me remeto a isso com uma segurança de novos tempos, de vontades iguais e de sonhos compartilhados. E volto ao foco resumindo: muitas vezes, eu fiz o que os outros queriam, exigiam, esperavam, e deixei meus limites de lado. Não acho que isso tenha sido de todo ruim, ou até mesmo que seja um problema. Mas sei que hoje vejo as coisas diferentes, e por um ângulo mais calmo, mais seguro, mais sensível. Faço o que quero, e faço com vontade. O sorriso é mais sincero, o coração é mais calmo, as pessoas se sentem mais próximas, menos preocupadas, e eu me torno completamente alegre.

Aí entra a questão contraditória, e até mesmo complementar. Eu ainda 'abro mão' para algumas coisas, ou para todas. Mas abro mão com a consciência de que eu me sentirei bem com aquilo, e que é realmente o que quero fazer. O amigo que me convida para ir à boate matar a saudade, ou jogar conversa fora e rir das situações ganha minha companhia, mesmo estando cansado e preferindo uma noite de sono. Se meu companheiro quer ir à boate uma, duas ou três vezes por semana, eu serei um excelente companheiro, porque abro mão para ver ele satisfeito, e porque sei que isso refletirá em mim. Se minha amiga quer que eu deixe de ir a algum lugar porque ela quer minha companhia, não penso nem duas vezes; "estou com ela e não abro"! Se o sol está escaldante na manhã de quarta-feira e o convite para o clube é feito, saio da minha confortável cama para aproveitar algumas horas de diversão.

Com isso, vejo o quanto é importante viver; viver de verdade. Como é bom abrir mão de preceitos, vontades e comodismos para acompanhar uma pessoa querida, um amor, um amigo, a família. Como é bom ganhar novos ares e renovar das maneiras mais improváveis possíveis. Como é bom dar um voto de confiança e se jogar, arriscar, cair, levantar. Como é bom abrir mão do dia a dia, do mau tempo, do conflito, do cansaço, da preguiça. Como é bom ser notado, ser reconhecido e ter com quem contar. Como é bom ver o sorriso de gratidão, de bom senso e de acolhimento. Como é bom saber que se é útil, querido, escolhido, lembrado. Como é bom abrir mão das mazelas, e dos erros. E eu continuo com a certeza de que sempre abrirei mão para o que for preciso...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

[quase] Um basta!

Cansei de esperar dos outros. Cansei de me preocupar com as coisas que ninguém se preocupa, e que só eu insisto em importar. Cansei dos outros me julgarem. Cansei de sentir as dores que só eu sinto. Cansei de sofrer com o que vem, insiste em me atingir, em me derrubar. Cansei de ficar preocupado com o futuro, com o que vai acontecer. Cansei de trazer comigo as vontades que só eu tenho.

Cansei dos tombos, das porradas, dos infortúnios. Cansei de tentar levantar e continuar andando. Cansei da inveja dos outros. Cansei das minhas coisas engraçadas. Cansei da vontade de continuar tentando. Cansei de esperar, de imaginar, de vislumbrar. Cansei dos outros em mim, e dos outros comigo. Tenho cansado da vontade de completar minhas andanças, e de tentar chegar a algum lugar.

Cansei de dizer eu te amo, e de não sentir ser amado. Cansei de sofrer com antecedência. Cansei das minhas inseguranças, e do meu dia a dia. Cansei do achar, do projetar e do recorrer. Cansei dos outros não me conhecerem, e falarem de mim como se eu fosse sua propriedade. Cansei de aparências, e de achismos. Cansei do abuso e da falta que sempre senti. Cansei do bom dia sem resposta, cansei do sorriso cansado. Cansei do entusiasmo de outrora.

Cansei de doações e de complementações. Cansei de dizer, de escrever e de reler. Cansei de fazer por esperar; e de esperar todo tempo. Cansei de não me cuidar, e de me preocupar com aquilo que não me pertence. Cansei de sonhar e de acreditar. Cansei de sentir, de pressentir, de buscar. Cansei de acreditar e esperar que dure mais que um dia, mais que um mês, ou um ano. Cansei de achar que o problema é comigo, e que todos estão certos. Cansei de acreditar que sempre tenho uma parcela de culpa. Cansei de ser submisso e de aceitar o que chega.

Cansei de cansar pela segunda, terceira ou quarta vez. Cansei de saber que a vida é assim! Cansei da vida em si. Cansei, e agora ficarei quieto... cansando com o trabalho, com as cobranças e com as responsabilidades. Cansei de caminhar sozinho, e cansei de saber que não nascemos para seguir solitários.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Um brinde às surpresas!

Eu sempre fui muito carente, e isso é fato! Quando era criança, não saía da 'barra da saia' da minha mãe. Meu pai nunca gostou de sair; trabalhava o dia inteiro, e quando chegava em casa, não atendia nem o telefone, que insistia em tocar ao seu lado, ali na mesinha... mesmo assim, não adiantava nem esperar um movimento dele para aquela ação. Corríamos como uns doidos, eu e meus irmãos, para finalizar o repetido toque do telefone. Então era assim: eu e minha mãe na rua o tempo inteiro, e meu pai descansando em casa, com meus irmãos jogando videogame. Minha mãe me conhecia como ninguém. Ela sabia o quanto eu gostava de surpresas. Se era uma balinha, ela mirabolava uma forma mágica para que eu tivesse a surpresa de ganhá-la; e isso era uma coisa que me acompanhava rotineiramente.

Eu sempre gostei de surpresas! Quem nunca gostou, afinal? Eu sabia que não existia Papai Noel... eu sempre soube. Mesmo assim, ganhar o presente de Natal à meia noite, ao pé da cama, às escondidas, pé ante pé, era muito melhor do que recebê-lo das mãos dos meus pais. O par de roupas impecavelmente na moda engomado no pacote brilhante era um toque de sensibilidade imenso. Os cafés da manhã aos domingos, antes de ir para a missa, era uma surpresa já esperada. A viagem do fim de ano era comunicada quase em cima da hora. Quando era criança, essa sensação estava comigo o tempo inteiro... Afinal, essa era uma das poucas constantes na minha infância.

Eu era (sou) esperto! Foram três tentativas de fazer uma festinha surpresa no dia do meu aniversário, quando ainda morava no interior. Era cômico, era engraçado, era estranhamente sensível... Minha mãe combinava com a diretora e a professora, e durante a aula eu era chamado para um telefonema sem nexo na sala da diretoria. Não precisava de muito; já saia da sala rindo. Outra vez, me levaram para visitar uma tia, tomar um sorvete, 'admirar a cidade' antes de uma provável saída para a sorveteria, onde iria comemorar com alguns amigos mais íntimos. Saía de casa impecavelmente arrumado e pronto para a mudança de planos. Depois, uma tarde no clube, já que era sábado, mas chegava em casa limpo e com a camiseta amarela nova, que destacava o bronze detalhadamente adquirido. E eu ainda conseguia fazer aquela cara de surpresa. A melhor sensação era olhar para a minha mãe e ver que ela tinha conseguido o que queria.

Então a gente cresce! Os compromissos aumentam, as horas passam mais rápido, os trabalhos consomem, as noitadas nos cansam, os objetivos mudam, a juventude vai passando. Mesmo assim, as surpresas se fazem presente. É como eu sempre digo: tudo é questão de prioridade, de carinho, de afeto. Me recordo do único aniversário surpresa que conseguiram fazer. Fui chamado para um churrasco, no final de semana anterior à semana do meu aniversário. "A minha família virá, passaremos o dia aqui". Não desconfiei de nada; não esperava aquele presente. Todos os melhores amigos reunidos para celebrar mais um ano de vida. E eu fui inocente; talvez porque seja realmente uma das poucas pessoas de quem eu não duvido, acredito em tudo que diz. Eu estava tão ansioso para passar o dia lá, que não reparei nem nos carros na porta com o adesivo de 'jornalismo-UFG', ou do Cross Fox amarelo tão conhecido. Quando abri a porta, estavam todos lá... e eu não sabia o que fazer.

Agora as surpresas se resumem a coisa boas, coisas gostosas. E há tempos não as recebia, não as presenciava, sequer sentia-as. Em um dia qualquer, de uma noite qualquer, com a sintonia de um beijo qualquer, sem a expectativa nenhuma, eis que aconteceu. Uma surpresa na minha vida... uma surpresa que se transformou em todas as outras coisa boas que tem acontecido. Resumo-a no seguinte: depois de uma noite no cinema, na companhia de novos amigos, ao chegar em casa, pronto para uma noite de amor e de bom sono, ali estava a caixa de Diamante Negro, muito bem escolhida, e uma 'lembrancinha' sentimentalmente embrulhada, um beijo gostoso, os olhos marejados, o coração acelerado. Uma surpresa que me fez pensar em todas as outras da minha vida! Uma surpresa que me fez querer escrever, agradecer, completar, viver, sorrir... Uma surpresa que me fez querer surpreender! Um brinde às coisas boas da vida!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Não são meus problemas

Começo a pensar o quanto somos vulneráveis. O quanto somos enganados. O quanto as pessoas são maldosas. Começo a me questionar qual o verdadeiro sentido de existirmos em sociedade, e a refletir sobre as várias questões humanitárias e inúteis, que desde a existência do homem, são presentes no dia a dia de qualquer um. Logo depois, ao sentar na cadeira desconfortável do trabalho, entre um intervalo e outro, entre um login ou um download, desisto de tentar entender essas questões. Não adianta! Nós nunca entenderemos o quanto somos diferentes, e como devemos ser submissos a (quase) tudo. É uma cadeia, uma pirâmide, castas, colocações, posições. Porque a relação empregado-subordinado não pode ser agradável? Se eu não tenho 500 mls de silicone nos peitos e na bunda, se eu não me insinuo, se eu não 'puxo saco', eu não sou um bom funcionário. Salvo as exceções, vejo, presencio e convivo com isso todo o tempo.

Ser hipócrita, hoje em dia, é uma coisa rotineira. As pessoas, às vezes, não querem ser sinceras, não querem agradar, não querem, ao menos, ser educadas. Qual o problema em reconhecer o trabalho do outro? Em aceitar que o outro tem qualidades a mais do que eu? Que o outro pode ser competente tanto quanto eu? Se eu sou feio, desarrumado e fedido, quase ninguém me olha, me percebe... mas o contrário te faz um burguesinho bem relacionado, simpático, visível, um ser extremamente notável e agradável. E digo isso porque eu nunca me preocupei com essas coisas - não com esses pressupostos; e porque eu nunca fui engajado. Nunca! Militâncias, problemas relacionados ao mundo, aos instintos, ao psicológico, ao meio ambiente, aos outros... nada me preocupou, me preocupava e acredito que nunca preocupará! Então isto tudo serve como um desabafo. É inacreditável!

No início do dia, ao realizar as minhas rotineiras leituras, visito o blog de uma amiga e participo de um dia em que ela relata a militância em Brasília, quando ela percebe essas características ao cobrir uma matéria que teria que fazer. Mas não quero fugir do foco... O fato é: eu, que nunca fui preocupado com isso, hoje me vejo extremamente chateado com essas relações, com as injustiças, com a prepotência, a arrogância. Não vejo o porquê de ser necessário a existência disso tudo. A máxima da 'igualdade para todos' nunca foi uma verdade. Aparência, atitudes, insinuações, posições, status sempre foram ponderantes - nada mais óbvio, claro.

Uma pena mesmo é saber que não há estimativa de mudanças, não há, sequer, esperança. Trabalho bem feito, dia cansativo, doação, concentração, estresse. As recompensas virão? De certa forma sim, mas isso não muda o fato de passar por humilhações desnecessárias, de viver problemas que não são seus, de ver e ouvir coisas horríveis. É inerente ao ser humano, eu sei, mas se pudesse, sumiria de vez! Não como sintoma de fraqueza, ou de impotência, ou até mesmo de covardia... mas sim de angústia, de sentir os pés e mãos atados, de não saber para onde correr, de saber que não há como mudar o mundo! Um tanto de vivências, de verdades, de mentiras e de criações. Um tanto de mim, um monte de você!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Lições e missões

Eu aprendi que pai e mãe são os nossos melhores amigos; mas que podemos somar a eles outros grandes amigos. Aprendi que trabalhar com o que se ama é realmente melhor; mas que não há como fugir dos 'ócios do ofício'. Aprendi a aceitar que existem diversas formas de falar a verdade; mas que [quase sempre] nunca queremos ouvir as verdades inconvenientes a nós. Aprendi que amor se constrói; mas que ele se destrói com o tempo. Aprendi a distinguir que azul é mais bonito que verde; mas que os dois juntos são ainda mais interessantes. Aprendi a perceber que gosto de ir ao cinema; mas que não é bom ir com quem não gosta. Aprendi que ciúme não é bom e não é ruim; mas que, na medida certa, é fundamental.

Eu aprendi que todos somos diferentes; e que não adianta querer mudar os outros. Aprendi que companheirismo é convivência; e que exige um esforço imenso. Aprendi que noite é melhor que dia; mas que colocar um óculos de sol no rosto é sensacional. Aprendi que calça jeans e havaianas combinam; e que a camiseta branca dá um 'toque especial'. Aprendi que não devo me preocupar com o amanhã; mas que fazer planos é estimulante. Aprendi que não gosto de sexo; mas que o toque da pele é gostoso. Aprendi que ser carente não é problema; mas que projetar ela nos outros é confusão. Aprendi que não adianta gritar; e que o silêncio, às vezes, compensa mais.

Eu descobri que quero correr com o tempo; mas tenho medo de não aproveitá-lo. Aprendi que quero viver sorrindo; mas os problemas não deixam. Aprendi que não adianta esperar, e que tudo acontece quando menos imaginamos. Aprendi que um "bom dia" não precisa de resposta; mas que se assim for, ficamos sem graça. Aprendi que surpresas são benvindas; mas que se não forem boas, melhor não tê-las. Aprendi que, apesar dos 'pesares', podemos nos apaixonar; mas que é difícil lidar com as diferenças. Aprendi que para sermos felizes temos que estar com alguém; mas que não seremos se isso for uma necessidade. Aprendi, então, que ficar sozinho é gostoso; mas que é bom ter uma mensagem de carinho, um beijo apaixonado e, quem sabe, uma companhia para todas as horas.

Aprendi a gostar de cozinha; e que cozinhar o que comemos é uma delícia. Decidi que a culinária japonesa é a melhor; mas aprendi que não agrada a todos os paladares. Aprendi que não basta dizer 'eu te amo', e também, que demonstrar é fácil... aprendi que difícil mesmo é manter esse sentimento. Aprendi que posso ler um livro em uma boa viagem; mas que não devo dedicar todo meu tempo a isso. Aprendi que viajar é uma das melhores coisas do mundo; mas que ficar em casa tem as suas vantagens. Aprendi que ir à praia é excelente; mas que passar um dia com os amigos em um clube é tão bom quanto.

Aprendi que ainda não sei nada, e que quero continuar aprendendo. Aprendi que a felicidade, a sorte e os bons momentos são únicos; mas que eles também dependem de nossas escolhas. Aprendi que é necessário carinho, afeto, e que devemos cultivar quem e o que gostamos. Aprendi que a vida é um livro, uma história contada, vivida...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

A minha sina

Eu sou ansioso. Minha mãe é extremamente ansiosa - o que reflete na insônia que insiste em deixá-la cansada e mal. Meu pai é visivelmente ansioso - o que faz com que ele tome seus remédios para dormir. Minha vó é exageradamente ansiosa - o que a tira do descanso vespertino para limpar a casa mais uma vez, ou fazer um biscoito diferente. Tenho amigos compulsivamente ansiosos, que insistem em me acompanhar nos ritmados balanços das pernas, ou nas manias mais características, como roer as unhas ou atropelar as palavras de uma pessoa, que marcam as reuniões em casa, ou a expectativa ao assistir um filme. Definitivamente, quase todos somos ansiosos. Mas isso, nesse momento, é uma coisa que muito me preocupa.

Vazio no estômago. Coração batendo rápido. Medo intenso. Aperto no tórax. Transpiração. Ao ler um pouco sobre o que é em si a ansiedade, percebi que ela é uma característica biológica do ser humano, que antecede momentos de perigo real (ou imaginário). Ser ansioso é uma característica inerente a nós, que insistimos em esperar, imaginar, desejar, projetar... O telefone que toca lá longe, no quarto, me traz um aperto no coração. A ligação do chefe da Redação me deixa preocupado. Os planos para o final de semana são detalhadamente acolhidos. A espera de uma mensagem, ou recado, me fazem ficar preso àquilo, somente aquilo. A percepção que tenho disso, na maioria do tempo, é natural, é intrínseca.

Quando menos esperamos, as coisas se aproximam, chegam e se apossam. Como devo agir mediante responsabilidades delegadas em tão pouco tempo, e de tamanha relevância? O fato nem é a preocupação de que se 'darei ou não conta do recado', mas sim se conseguirei atingir ou superar as minhas próprias expectativas. Ao conversar com uma amiga o quanto estou preocupado, escuto um breve elogio, um 'empurrão' para enfrentar com coragem e confiança a nova etapa. Tenho comigo o fato de que realmente não precisaria de nenhuma palavra. Às vezes [quase sempre], a única coisa que precisamos é de ser ouvido, ser acolhido. Não tenho medo das novidades: o novo é um desafio, uma busca, uma superação; algo que fará com que me sinta melhor.

Ainda assim, me sinto ansioso, nervoso, quase todo o tempo - e não é uma coisa patológica. Não vivo a ansiedade só quando surgem novidades, ou algo muda e foge do meu controle. Eu sou naturalmente nervoso. Cada página de um livro que passo, a cama se balança mais, a testa fica fortemente enrugada e a expectativa é notavelmente percebida. Seja ao acordar, ao passar do dia, ao deitar; a ansiedade insiste em me acompanhar, e eu levo-a comigo todo o tempo. Ser ansioso, no final das contas, é a minha sina - é a sina de qualquer um de nós.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Retratos da liberdade

Ninguém é mais escravo do que aquele que se considera livre sem o ser. (Goethe)

Liberdade. Substantivo feminino, com um significado forte e com um histórico presencial. 'Faculdade de fazer ou de não fazer qualquer coisa, de escolher. Independência: conquistar a liberdade'. Outro dia, comecei a pensar os vários sentidos que essa palavra carrega, e por acaso, em uma longa e cansativa espera na sala de um consultório médico, li o artigo de Lya Luft na Veja sobre esse mesmo assunto, e comecei a me questionar a credibilidade do real valor que ela nos traz - ao longo da vida.

Temos a vaga sensação de que somos donos das nossas escolhas, e que tudo que fazemos é reflexo de uma vontade e decisão nossa. Ledo engano. A vontade de comer o Big Tasty mais tarde é guiada por uma parcela de valor imposta pela propaganda: 'O grande matador, do tamanho da sua fome'. Golpe baixo; realmente, a minha fome é enorme, quase todo o tempo. A compra daquele cachecol novo, ou daquele Mocassim chique é determinada, também, pela beleza que se enxergou quando o modelo apareceu maravilhosamente photoshopado naquela revista famosa. "Cachecol preto que combina com sua camisa: 60 reais. Mocassim branco-gelo na promoção imperdível: 79 reais. Aquela outra camiseta listrada maravilhosa para uma próxima saída do outro final de semana ainda: 115 reais. Óculos gigantes combinando com seu rosto redondo: 189 reais. Baladinha no final de semana: 100 reais. Continuar consumindo desmedida e compulsivamente: Não tem preço". Malditos cartões de crédito.

'Direito que alguém se arroga: tomar a liberdade de contradizer uma pessoa. Liberdade de opinião, de pensar, direito de exprimir cada um de seus pensamentos, suas convicções'. Fala sério! Vai dizer à sua amiga que você não concorda com o fato dela sofrer pelo ex-namorado, que não se importa com ela. Vai falar para os seus pais que tatuagem não é coisa de "maloqueiro". Vai dizer à sua avó que o Roberto Carlos não é o melhor cantor do mundo. Diga ao colega que aquela foto está muito photoshopada. Tente dizer a uma pessoa que você não acredita naquilo que ela defende piamente. É um dever, às vezes, se relacionar bem com quem se gosta. O direito, transformado no oposto, carrega consigo uma carga pesada, um fardo que chega a ser exagerado.

'Liberdade natural; direito que o homem tem por natureza de agir sem qualquer constrangimento externo'. Complicado. Complicadíssimo, para falar a verdade. Nesse ponto, entra a questão do preconceito, dos tabus, dos (pré)conceitos formados ao longo da vida, e mais um tanto de poréns. A vida em sociedade exige que eu me porte de uma forma, que algumas vezes, não condiz com aquilo que realmente quero fazer ou falar. Aos olhos dos outros, o 'diferente' é chocante; chega a ser repulsivo. Como devo agir para não ser taxado, para não ser apontado? O jargão 'cada um cuida da sua vida' vai, totalmente, por água abaixo.

'Maneira de agir com audácia: tomar liberdade com qualquer pessoa'. Acredito, apesar de tudo, que os conceitos de liberdade, no final, são ditados por nós. São contradições que se complementam, e que determinam o motivo de sê-las. Vou tomar a liberdade de continuar agindo da forma que me convém, mantendo, melhorando... tudo de acordo com aquilo que quero. Como tudo na vida, as diferenças se contrapõem e todos somos guiados por escolhas próprias. Repetitivo, cansativo, monótono. As palavras óbvias aqui ditas são reflexos da liberdade que tomo de falar com audácia: eu não te dou a liberdade que não quero que tenha. "A nossa liberdade termina quando começa a liberdade do outro".

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Os meus tratos

"Se tratássemos do que é importante para o Brasil com a mesma seriedade e paixão que tratamos o futebol, este país seria outro." Essa foi a frase que Rafinha Bastos, famoso jornalista do CQC, deixou registrado no Twitter no início da tarde de hoje. Foi o pontapé inicial que estava precisando para começar a falar um pouco dos vários âmbitos que englobam essa questão. Não a questão do futebol, ou da política em si, somente, mas também das nossas escolhas, das nossas atitudes e, principalmente, das nossas prioridades. Seriedade e paixão são dois sentimentos, duas posições que motivam o ser humano. Se tratássemos nossas vidas regidos sempre por estes dois quesitos, com certeza, este país seria outro.

Tudo começa por nós! É clichê e repetitivo ouvir e falar que 'as melhorias de tudo nesse mundo parte do individual'; "faça a sua parte, que já estará fazendo o suficiente para melhorar a sua casa, o seu bairro, a sua cidade, o seu país" - não jogue lixo na rua, não ande muito de carro, não ofenda o próximo - mesmo que o outro o faça. Seja a diferença! Não é difícil, então, perceber que tudo na nossa vida é determinado pelas prioridades. Não trato as questões políticas com a mesma seriedade e paixão que trato as discussões de cinema, por que, realmente, estou descrente dessa roubalheira, dessas confusões, dessas mentiras. Vê-se, como exemplo determinante, o movimento #ForaSarney. Quantas pessoas aderiram a ele? Quantas pessoas se preocupam realmente com o que está acontecendo no Senado? Quantas pessoas sabem o quanto isso nos atinge, o quanto é próximo?

E não vamos longe - vou citar exemplos mais próximos, mais pessoais! Nada [n-a-d-a!] no mundo, com toda minha pequena experiência de amores, decepções e vivências, justifica o fato de uma pessoa se amar menos do que ama o outro. Qual a relação com o que tenho falado até agora? Simples: trato com paixão e seriedade aquilo que me compete também. Nós não deveríamos sofrer tanto por alguém que nos traiu algumas vezes, que nos trocou, que não nos respeitou, enfim, que não nos ama de verdade. Falta paixão por si próprio... falta ponderar a razão e a emoção. E eu nem sou racional, quando se trata de sentimentos; mas eu sei o quanto devo cuidar de mim, o quanto devo ser prioridade ao me relacionar com qualquer outra pessoa.

'Chorar faz bem! Sorrir mais ainda!' Como eu vou me preocupar com a política, se a coisa anda tão feia, e eu nem me preocupo comigo mesmo? Como eu vou cuidar daquilo que acredito estar tão longe, se eu não sei cuidar nem dos meus relacionamentos, tão próximos? O futebol, pelo menos, relaxa, não é cansativo, não é monótono, não é burocrático. Mas, ainda assim, eu poderia aprender a lidar melhor com minha paixão, com meu empenho, com a minha disposição. Se parássemos para pensar, poderíamos mover o mundo [pelo menos o 'nosso' mundo] se fôssemos sérios ao fazer as nossas escolhas, ao agirmos e ao caminharmos nas direções certas. Não temos porque fugir disso! Basta tratarmos corretamente as questões que, de fato, são importantes. E eu nem sou ninguém para falar isso... mas, (in)felizmente, é comprovado!

Depois disso, depois de nós, de nossas pessoalidades, aí sim, quem sabe?, possamos, realmente, dar cabo das outras questões que tanto são, também, preocupantes. Olho para mim, agora, e percebo o quanto falta para o Brasil melhorar. Quero cuidar de você; mas ainda tenho que cuidar de mim!

sábado, 27 de junho de 2009

Eu já fui perfeito!

Com o passar do tempo, começamos a enxergar as coisas de maneiras cada vez mais diferentes. Nada mais óbvio do que isso, claro! Mesmo assim, é bom pararmos para pensar, às vezes, nessas coisas. Um dia na praça, algumas horinhas na sorveteria, uma visita surpresa, as tardes no clube, as reuniões regadas a filmes de terror e pipoca, os dias da natação, o patins, a bicicleta [rara, depois de um acidente] e a leitura de um bom livro durante a tarde são coisas que vão ficando escassas, raras, quase 'não existentes'. Até mesmo as viagens, que eram sagradas. Cada feriado, férias, final de semana que se aproximava, a diversão era garantida. Definitivamente, tínhamos tempo para nós. Tínhamos tempo para aproveitar a vida [e reitero o significado da palavra a-pro-vei-tar].

Em uma tarde monótona [se é que dá para chamar uma tarde em uma redação de jornal de monótona], cansativa e estressante - daquelas que tenho citado com frequência -, ao conversar com um 'amigo virtual', eu ouvi a seguinte pergunta: "Para qual time você torce?". Estávamos conversando há algum tempo, há mais de umas cinco ou seis horas, mais ou menos. E quando já tínhamos falado de (quase) tudo, eis que surge a pergunta. Mais do que de prontidão, fui logo respondendo: "Eu não torço por time nenhum. Por quê?". E digo isso sem medo de ser repudiado mesmo. Para ilustrar, recordo-me que mais cedo quase fui linchado da redação ao dizer que não sabia que o Brasil jogaria contra os EUA amanhã e, para piorar, que a seleção iria sequer jogar amanhã. Como quem quisesse consertar, ainda soltei um "ah, é verdade, amanhã é jogo do Brasil contra o Peru". De onde eu tirei isso, eu não sei... mas o fato é que as funções do jornal têm me deixado sem tempo para outras coisas; ou para quase tudo. Não que isso justifique a falha.

Ao responder o porquê da pergunta, esse meu amigo disse: "Por que se você torcesse para o São Paulo, você seria perfeito". Pronto! Bastou essa frase para minha cabeça começar a funcionar, e para eu voltar àquela nostalgia que insiste em me acompanhar nos últimos tempos. Ao contrarresponder a sua afirmação, eu disse que isso não era bom, e não era ruim, porque eu poderia torcer para qualquer time que eu quisesse, dependendo da situação. [Me desculpem os torcedores fanáticos, que amam o futebol e veneram seus times. Isso vai além de qualquer vontade minha].

Nesse momento, eu me enchi de lembranças e comecei a acompanhar um raciocínio que é maravilhoso. Lembro-me como se fosse nos dias de hoje, a época de futebol do colégio - sim, eu arrisquei a jogar na zaga e cheguei a defender o time da escola no gol em um campeonato local, os famosos Jogos Colegiais - "Frangueiro", "Perna de pau" eram os nomes mais bonitinhos que eu conseguia entender. Mesmo assim, eu não deixava que me intimidassem. Mas essa nem é a questão. O fato é que, como nos dias atuais, os amigos vêm, vão, mudam, conservam-se, mantêm-se, fortalecem-se, afastam-se; e naquela época não era diferente, (in)felizmente. Naqueles 'remotos' tempos, eu cheguei a torcer pelo Corinthians, porque o meu melhor amigo também torcia; defendi o São Paulo como o melhor de todos os tempos, por que o meu novo melhor amigo defendia-o; gritei pelo Vasco, porque o melhor programa para a quarta à noite era reunir a turma para cruzar os dedos juntos. Eu passei por uma gama de clubes.

Olha que coisa legal: antigamente, torcer por algum time era um pré-requisito para ser de uma turma, ou mesmo apenas para ser descolado e ter assunto para conversar na hora em que todos só falavam disso. E eu nunca gostei de futebol. Nunca! Toda minha história pregressa prova que as minhas passagens pelo futebol foram sintomas, imposições, desenvoltura, lábia. A verdade é que, um dia, nesse conceito de definições e vivências, eu cheguei a ser perfeito!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Meu videogame

Há tempos venho pensando a questão dos imprevistos, dos improvisos e das surpresas. Acordar e traçar um cronograma para seu dia: trabalhar, almoçar, trabalhar mais um pouco, chegar em casa, comer alguma coisa, tomar um bom banho e deitar. Sabe o dia que consegui fazer isso? Não me lembro! E ontem foi mais um dia de surpresas. E que surpresas! Tenho tentado descansar, dormir mais que o normal, colocar as energias em dia, melhorar a imunidade, sair dessa onda de doenças e afins...e nada!

Vale ressaltar que eu ganhei um vídeogame, um Play Station 2, com uma coletânea inteira de jogos - os ruins, os bons e os perfeitos. Tem coisa melhor do que deitar em um amontoado de almofadas, comer brigadeiro com pão assado, coca-cola e horas de risadas com amigos que não via ha algum tempo? Confesso que nem me lembrava disso. E ontem não era para ter sido um dia assim...

Saí do trabalho como se fosse para a cama. 'Ufa, mais um dia completado. Agora é descansar para começar tudo de novo amanhã'. Ao entrar no carro, o celular toca. "Oi, estou te ligando para falar que eu e as meninas estamos indo para sua casa jogar videgame. Pega a Siclana e vamos comer algo"; depois dá-lhe sessão nostalgia. Engraçado que é uma sensação boa. Apesar do cansaço de hoje, das horas de sono atrasadas, da falta de concentração e das pescadas sobre o teclado do computador, eu me sinto extremamente realizado. Acho que eu merecia fazer essa 'loucurinha'... Afinal, eu fazia isso, em tempos remotos, todos os dias, praticamente.

Super Mário World! Não conseguíamos nem sentar. Aquela musiquinha era motivo de pulos, de euforia e rendeu até uma coreografiazinha. Entre os gritos de 'agora é minha vez', o pão esquentando no fogão e o brigadeiro aromatizando o apartamento, eis que o celular toca. Uma surpresa! Aí tudo ficou mais divertido ainda, mais engraçado, mais empolgante. Logo depois passamos para MárioKart, eu conseguia ganhar... ainda tinha habilidade para esses joguinhos. Passamos para Street Fighter, só que não agradou a alguns. No Mortal Kombat, o grande destaque da noite, não teve ninguém que ganhou de mim... e olha que a torcida adversária era unânime. E acabamos em Bomberman.

Uma bolha no dedo, os dois copos de café, as 'pescadas' e a inquietação não são nenhum problema perto da noite agradabilíssima que tive. É bom lembrar o quanto era maravilhoso ser criança... lembrar que a única preocupação que tínhamos ao acordar era qual estratégia iríamos usar para passar daquela fase do Donkey Kong, ou como faria para vencer o chefão do Aladin, ou até mesmo que horas poderia sentar em frente a TV e ficar horas intermináveis saboreando todas aquelas novidades, explosões de cores, sons e gráficos. São pequenas coisas, mas que fazem com que a gente se sinta bem; simples assim!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Nostalgia - uma homenagem a você, amigo!

Ontem eu me permiti sentir uma sensação que há tempos não sentia. E para falar a verdade, que eu nem lembrava que existia. Engraçado que, dessa vez, não era questão de evitá-la, ou de ignorá-la, mas sim o fato de não lembrá-la ou vivê-la. Como diria uma outra amiga [aquela sempre citada], eu me lembro de um dia ter sido um 'sonhador incurável'... E talvez eu ainda o seja; mas é uma coisa que ficou em segundo plano, ou terceiro, quarto. Eu não me lembrava o quanto era bom participar de uma surpresa - receber uma surpresa. Eu não me permitia viver isso mais. Idiotice!

'O Roh - propositalmente assim - mudou. O Roh não é mais aquele!' Isso, de todo, não é ruim. O menino relapso, desinteressado, bobagento, "sem compromisso", amigo de todo mundo e de qualquer um [e isso nunca foi exatamente nessa proporção] não é o mesmo. 'O Rodrigo realmente mudou, só que ninguém percebeu isso ainda'. Antigamente, ele tinha mais tempo para ligar, para correr atrás, tinha mais disposição e não importava o quanto tinha que ser só ele. Não foi sempre certo e talvez tenha sido mais falho do que certo... mesmo assim, deu para perceber o quanto não era recíproco.

Um dia, de uma forma amena, mas que logo depois se tornou monstruosa, eu tive que escutar: 'tá chegando a idade de perceber e definir quem são os amigos deverdade. E espere, eles serão menos da metade do que são hoje'. No fundo, eu sabia que seria assim, mas não imaginava que isso tudo viria com as responsabilidades, com a correria, com as dúvidas. Enfim, que aconteceria quando você mais precisava.
-Eu não te liguei, porque você não iria! É a pior das desculpas. Mas eu nem vim falar disso. Voltemos à sensação (re)experimentada!

Alguém se lembra da primeira vez que sentiu 'algo diferente' por outra pessoa? Quando sentiu o coração palpitando, o nervosismo de não saber o que falar, de ficar sem graça, de falar coisas sem sentido, e o pior, de não poder falar, agir ou pensar? Sim, porque se o seu caso foi complicado, garanto que o meu foi ainda pior. Uma situação impensável, ainda mais naquela época [me senti um velho agora!].

Ontem, quando arrumava meu edredon da Sonhart e meus dois travesseiros altos e confortáveis, resolvi atualizar a sempre aberta página do orkut. Mais do que pedido em oração, eis que ali estava a surpresa em forma de depoimento. A sensação não foi a mesma que a de anos atrás; o fato é: fez com que eu lembrasse dela, dos tempos remotos. E não que tenha sido como o desejado, mas estava ali uma demonstração de amizade bonita, singela e querida... uma nostalgia, uma saudade daquele ano que foi o melhor de nossas vidas. A surpresa me deixou estático. Não consegui responder, não consegui levantar da cadeira por um bom tempo, e o pior [mais uma vez], não consegui sequer pensar em uma resposta. A noite passou em claro, com as lembranças daqueles que outrora foram os melhores momentos da minha vida.

Depois disso, a boa sensação se tornou uma sensação de alívio, de paz e de acolhida. Aquele amigo tinha sido sincero e tinha aberto o coração de uma forma que nunca tivera feito. E isso era o mais importante: ele nunca tinha feito isso nem naquela época, quando éramos intimamente ligados ao outro, quando tínhamos liberdade para dizer 'eu te amo, brody'. Eram mensagens trocadas de madrugada, [in]diretas préadolescentes, jogos de vôlei pela seleção do colégio intermináveis, tardes de cachorro-quente e coca-cola [mentiras contadas aos pais, avós e afins - 'vamos nos reunir para estudar física'] que P* saudade do Clube do bolinha... Eu poderia ficar páginas e páginas citando tudo.

Aí o inesperado aconteceu. 'Eu resolvi dizer que te amo (sem medo de que possa entender coisas a mais do que a simples amizade que sempre sentimos um pelo outro)'. Foram palavras muito bem escolhidas; que me deixaram essa sensação de nostalgia, alívio e afeto. Como é bom, às vezes, lembrarmos dos velhos tempos, daqueles que foram e, de certa forma, são importantes na nossa vida. Sentimento que vai muito além de paixão, de desejo... uma coisa que toca, que mexe com a gente... que faz querer voltar o tempo e consertar tudo de errado que passou... a falta e a comodidade.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Paráfrase do dia-a-dia

Inspirado pelo email de uma grande amiga, resolvi voltar a postar. Mudanças! Elas sempre são bem vindas, e isso já é um assunto a se discutir. Falar de sonhos, de desejos, de vontades e de anseios ficará para uma próxima reflexão-desabafo... E partindo da temática do pouco registrado nessa página, fico preso, mais uma vez, às singelas lembranças e pensamentos sobre a amizade. Como somos relapsos e até alheios, às vezes.

'Meus pais são meus melhores amigos'! Isso é uma coisa sobre a qual nunca tive dúvida, e mesmo assim sempre fui obrigado a escutar. Até mesmo como forma de cobrança, desabafo e de um bocado de ciúme. Mas qual é a alternativa quando não os temos aqui do lado? Quando somos obrigados [sim, obrigados. Porque um garoto de 13 anos, naquela época, não podia escolher o que queria, e nem podia impor a sua vontade]a mudar e deixar toda uma infância e uma 'base' para trás? Construímos uma relação de família. Aqueles que compartilham tudo com você se tornam verdadeiros heróis.

São noites de desabafo, são dias de angústias, são os melhores e piores momentos ao lado, são a certeza de que o clichê vale a pena, e são o nosso 'número exato'. Eles comigo me fazem melhor. "Gracinha do Rodrigo (sr. jornalista sumido)", já dizia essa minha amiga. Paro e começo a pensar: o que faz a gente se afastar, a deixar de lado uma das maiores prioridades da nossa vida?. Preguiça? Descaso? Cansaço? Correria? Exigências? Cobranças? A certeza de que sempre serão bons e verdadeiros amigos? Acomodação? Eu não sei ao certo, mas sei que nada justifica essa ausência.

Um é bom, o outro é melhor... Mas todos juntos é excelente! Então, porque deixar as coisas irem passando?! Eu aqui, vocês aí, 'cada um com seu cada qual'! Pôxa, como é ruim. E sabe o que é pior? É saber que, talvez, provavelmente, você é o principal culpado disso. Não que seja uma culpa, e sim uma parcela imensa e majoritária de responsabilidade.

A reciprocidade sempre foi um determinante na minha vida, e acho que ela rege as melhores relações afetuosas. Um telefonema inesperado, um SMS no seu dia caótico de jornalista daquela amiga que estava sumida há tempos, um abraço forte, um carinho de quem não faz carinho, um sorriso com olhar de cansaço, descrença, uma surpresa na madrugada, uma companhia quando se está sozinho, um segundo de distração, um momento de ócio cirativo, uma noite não programada, um esforço para estar junto, um jargão bem construido, as frases feitas e engraçadas, as surpresas... Crescemos, e essa é a ordem natural das coisas. Uma natureza bela, pálida e aconchegante. E fica uma mensagem no final, parafraseando: Eu suportaria, embora não sem dor, que morresse o meu amor, mas não suportaria, de forma alguma, que morresse um verdadeiro amigo. Toda hora é hora de pensar o quanto estamos sendo justos e sinceros [com a gente mesmo, no final].