terça-feira, 21 de julho de 2009

Não são meus problemas

Começo a pensar o quanto somos vulneráveis. O quanto somos enganados. O quanto as pessoas são maldosas. Começo a me questionar qual o verdadeiro sentido de existirmos em sociedade, e a refletir sobre as várias questões humanitárias e inúteis, que desde a existência do homem, são presentes no dia a dia de qualquer um. Logo depois, ao sentar na cadeira desconfortável do trabalho, entre um intervalo e outro, entre um login ou um download, desisto de tentar entender essas questões. Não adianta! Nós nunca entenderemos o quanto somos diferentes, e como devemos ser submissos a (quase) tudo. É uma cadeia, uma pirâmide, castas, colocações, posições. Porque a relação empregado-subordinado não pode ser agradável? Se eu não tenho 500 mls de silicone nos peitos e na bunda, se eu não me insinuo, se eu não 'puxo saco', eu não sou um bom funcionário. Salvo as exceções, vejo, presencio e convivo com isso todo o tempo.

Ser hipócrita, hoje em dia, é uma coisa rotineira. As pessoas, às vezes, não querem ser sinceras, não querem agradar, não querem, ao menos, ser educadas. Qual o problema em reconhecer o trabalho do outro? Em aceitar que o outro tem qualidades a mais do que eu? Que o outro pode ser competente tanto quanto eu? Se eu sou feio, desarrumado e fedido, quase ninguém me olha, me percebe... mas o contrário te faz um burguesinho bem relacionado, simpático, visível, um ser extremamente notável e agradável. E digo isso porque eu nunca me preocupei com essas coisas - não com esses pressupostos; e porque eu nunca fui engajado. Nunca! Militâncias, problemas relacionados ao mundo, aos instintos, ao psicológico, ao meio ambiente, aos outros... nada me preocupou, me preocupava e acredito que nunca preocupará! Então isto tudo serve como um desabafo. É inacreditável!

No início do dia, ao realizar as minhas rotineiras leituras, visito o blog de uma amiga e participo de um dia em que ela relata a militância em Brasília, quando ela percebe essas características ao cobrir uma matéria que teria que fazer. Mas não quero fugir do foco... O fato é: eu, que nunca fui preocupado com isso, hoje me vejo extremamente chateado com essas relações, com as injustiças, com a prepotência, a arrogância. Não vejo o porquê de ser necessário a existência disso tudo. A máxima da 'igualdade para todos' nunca foi uma verdade. Aparência, atitudes, insinuações, posições, status sempre foram ponderantes - nada mais óbvio, claro.

Uma pena mesmo é saber que não há estimativa de mudanças, não há, sequer, esperança. Trabalho bem feito, dia cansativo, doação, concentração, estresse. As recompensas virão? De certa forma sim, mas isso não muda o fato de passar por humilhações desnecessárias, de viver problemas que não são seus, de ver e ouvir coisas horríveis. É inerente ao ser humano, eu sei, mas se pudesse, sumiria de vez! Não como sintoma de fraqueza, ou de impotência, ou até mesmo de covardia... mas sim de angústia, de sentir os pés e mãos atados, de não saber para onde correr, de saber que não há como mudar o mundo! Um tanto de vivências, de verdades, de mentiras e de criações. Um tanto de mim, um monte de você!

5 comentários:

Carol Pessoni disse...

Um dos melhores que eu já li por aqui!! Quero só saber onde eu assino e pra onde a gente vai fugir junto... às vezes viver cansa!

Unknown disse...

MUITO bom! por isso que eu te amo. x)

Ravana Lobo disse...

Concordo com o que a Carol disse aí. Viver cansa sim! Mas pessoas como vc com essa sensibilidade, com esses textos, nos fazem querer viver mais. Te adoro.

André Pupulin disse...

estava assistindo mais cedo esse vídeo ( http://www.youtube.com/watch?v=nUiyc41QC98 ) e de alguma forma seu texto casou com os sentimentos que essa música me traz. Não se vive pela felicidade. Mas, pela busca de outras coisas como status, dinheiro, sexo, poder... Por sorte, algumas pessoas ainda tentam ser corretos, honestos...
:#

Pedro Felipe disse...

Um belo dia você acorda e percebe que tudo o que imaginava ser não é real! O amor, a cumplicidade, a amizade se fragiliza em situações em que não há reciprocidade em tempos em que tudo é baseado na ideia de dar e receber e principalmente quando nos encontramos mergulhados em problemas externos não relacionados a si próprios.
Nem preciso dizer o de sempre, mas reforçando: gostei muito!