sexta-feira, 24 de julho de 2009

Um brinde às surpresas!

Eu sempre fui muito carente, e isso é fato! Quando era criança, não saía da 'barra da saia' da minha mãe. Meu pai nunca gostou de sair; trabalhava o dia inteiro, e quando chegava em casa, não atendia nem o telefone, que insistia em tocar ao seu lado, ali na mesinha... mesmo assim, não adiantava nem esperar um movimento dele para aquela ação. Corríamos como uns doidos, eu e meus irmãos, para finalizar o repetido toque do telefone. Então era assim: eu e minha mãe na rua o tempo inteiro, e meu pai descansando em casa, com meus irmãos jogando videogame. Minha mãe me conhecia como ninguém. Ela sabia o quanto eu gostava de surpresas. Se era uma balinha, ela mirabolava uma forma mágica para que eu tivesse a surpresa de ganhá-la; e isso era uma coisa que me acompanhava rotineiramente.

Eu sempre gostei de surpresas! Quem nunca gostou, afinal? Eu sabia que não existia Papai Noel... eu sempre soube. Mesmo assim, ganhar o presente de Natal à meia noite, ao pé da cama, às escondidas, pé ante pé, era muito melhor do que recebê-lo das mãos dos meus pais. O par de roupas impecavelmente na moda engomado no pacote brilhante era um toque de sensibilidade imenso. Os cafés da manhã aos domingos, antes de ir para a missa, era uma surpresa já esperada. A viagem do fim de ano era comunicada quase em cima da hora. Quando era criança, essa sensação estava comigo o tempo inteiro... Afinal, essa era uma das poucas constantes na minha infância.

Eu era (sou) esperto! Foram três tentativas de fazer uma festinha surpresa no dia do meu aniversário, quando ainda morava no interior. Era cômico, era engraçado, era estranhamente sensível... Minha mãe combinava com a diretora e a professora, e durante a aula eu era chamado para um telefonema sem nexo na sala da diretoria. Não precisava de muito; já saia da sala rindo. Outra vez, me levaram para visitar uma tia, tomar um sorvete, 'admirar a cidade' antes de uma provável saída para a sorveteria, onde iria comemorar com alguns amigos mais íntimos. Saía de casa impecavelmente arrumado e pronto para a mudança de planos. Depois, uma tarde no clube, já que era sábado, mas chegava em casa limpo e com a camiseta amarela nova, que destacava o bronze detalhadamente adquirido. E eu ainda conseguia fazer aquela cara de surpresa. A melhor sensação era olhar para a minha mãe e ver que ela tinha conseguido o que queria.

Então a gente cresce! Os compromissos aumentam, as horas passam mais rápido, os trabalhos consomem, as noitadas nos cansam, os objetivos mudam, a juventude vai passando. Mesmo assim, as surpresas se fazem presente. É como eu sempre digo: tudo é questão de prioridade, de carinho, de afeto. Me recordo do único aniversário surpresa que conseguiram fazer. Fui chamado para um churrasco, no final de semana anterior à semana do meu aniversário. "A minha família virá, passaremos o dia aqui". Não desconfiei de nada; não esperava aquele presente. Todos os melhores amigos reunidos para celebrar mais um ano de vida. E eu fui inocente; talvez porque seja realmente uma das poucas pessoas de quem eu não duvido, acredito em tudo que diz. Eu estava tão ansioso para passar o dia lá, que não reparei nem nos carros na porta com o adesivo de 'jornalismo-UFG', ou do Cross Fox amarelo tão conhecido. Quando abri a porta, estavam todos lá... e eu não sabia o que fazer.

Agora as surpresas se resumem a coisa boas, coisas gostosas. E há tempos não as recebia, não as presenciava, sequer sentia-as. Em um dia qualquer, de uma noite qualquer, com a sintonia de um beijo qualquer, sem a expectativa nenhuma, eis que aconteceu. Uma surpresa na minha vida... uma surpresa que se transformou em todas as outras coisa boas que tem acontecido. Resumo-a no seguinte: depois de uma noite no cinema, na companhia de novos amigos, ao chegar em casa, pronto para uma noite de amor e de bom sono, ali estava a caixa de Diamante Negro, muito bem escolhida, e uma 'lembrancinha' sentimentalmente embrulhada, um beijo gostoso, os olhos marejados, o coração acelerado. Uma surpresa que me fez pensar em todas as outras da minha vida! Uma surpresa que me fez querer escrever, agradecer, completar, viver, sorrir... Uma surpresa que me fez querer surpreender! Um brinde às coisas boas da vida!

5 comentários:

André Pupulin disse...

q fofinho... até escuto os corações estalando e subindo pelo ar. :#

Ravana Lobo disse...

UI ui ui! Que lindo!

paulopistache disse...

nossa! quantas surpresas! e com gosto de diamante negro e olhos marejados...

Pedro Felipe disse...

é engraçado ver como pequenas coisas têm a capacidade de nos fazer feliz!
Belo!

Goiano38 disse...

pequenos gestos fazem grandes momentos, espero que as boa surpresas seja pra VIDA toda!!