quinta-feira, 2 de julho de 2009

Os meus tratos

"Se tratássemos do que é importante para o Brasil com a mesma seriedade e paixão que tratamos o futebol, este país seria outro." Essa foi a frase que Rafinha Bastos, famoso jornalista do CQC, deixou registrado no Twitter no início da tarde de hoje. Foi o pontapé inicial que estava precisando para começar a falar um pouco dos vários âmbitos que englobam essa questão. Não a questão do futebol, ou da política em si, somente, mas também das nossas escolhas, das nossas atitudes e, principalmente, das nossas prioridades. Seriedade e paixão são dois sentimentos, duas posições que motivam o ser humano. Se tratássemos nossas vidas regidos sempre por estes dois quesitos, com certeza, este país seria outro.

Tudo começa por nós! É clichê e repetitivo ouvir e falar que 'as melhorias de tudo nesse mundo parte do individual'; "faça a sua parte, que já estará fazendo o suficiente para melhorar a sua casa, o seu bairro, a sua cidade, o seu país" - não jogue lixo na rua, não ande muito de carro, não ofenda o próximo - mesmo que o outro o faça. Seja a diferença! Não é difícil, então, perceber que tudo na nossa vida é determinado pelas prioridades. Não trato as questões políticas com a mesma seriedade e paixão que trato as discussões de cinema, por que, realmente, estou descrente dessa roubalheira, dessas confusões, dessas mentiras. Vê-se, como exemplo determinante, o movimento #ForaSarney. Quantas pessoas aderiram a ele? Quantas pessoas se preocupam realmente com o que está acontecendo no Senado? Quantas pessoas sabem o quanto isso nos atinge, o quanto é próximo?

E não vamos longe - vou citar exemplos mais próximos, mais pessoais! Nada [n-a-d-a!] no mundo, com toda minha pequena experiência de amores, decepções e vivências, justifica o fato de uma pessoa se amar menos do que ama o outro. Qual a relação com o que tenho falado até agora? Simples: trato com paixão e seriedade aquilo que me compete também. Nós não deveríamos sofrer tanto por alguém que nos traiu algumas vezes, que nos trocou, que não nos respeitou, enfim, que não nos ama de verdade. Falta paixão por si próprio... falta ponderar a razão e a emoção. E eu nem sou racional, quando se trata de sentimentos; mas eu sei o quanto devo cuidar de mim, o quanto devo ser prioridade ao me relacionar com qualquer outra pessoa.

'Chorar faz bem! Sorrir mais ainda!' Como eu vou me preocupar com a política, se a coisa anda tão feia, e eu nem me preocupo comigo mesmo? Como eu vou cuidar daquilo que acredito estar tão longe, se eu não sei cuidar nem dos meus relacionamentos, tão próximos? O futebol, pelo menos, relaxa, não é cansativo, não é monótono, não é burocrático. Mas, ainda assim, eu poderia aprender a lidar melhor com minha paixão, com meu empenho, com a minha disposição. Se parássemos para pensar, poderíamos mover o mundo [pelo menos o 'nosso' mundo] se fôssemos sérios ao fazer as nossas escolhas, ao agirmos e ao caminharmos nas direções certas. Não temos porque fugir disso! Basta tratarmos corretamente as questões que, de fato, são importantes. E eu nem sou ninguém para falar isso... mas, (in)felizmente, é comprovado!

Depois disso, depois de nós, de nossas pessoalidades, aí sim, quem sabe?, possamos, realmente, dar cabo das outras questões que tanto são, também, preocupantes. Olho para mim, agora, e percebo o quanto falta para o Brasil melhorar. Quero cuidar de você; mas ainda tenho que cuidar de mim!

3 comentários:

André Pupulin disse...

Bom texto, como normalmente encontrei por aqui. Perfeito na questão de cuidarmos da base antes de nos preocuparmos com o universo e suas fronteiras inimagináveis.

Carol disse...

"Nós não deveríamos sofrer tanto por alguém que nos traiu algumas vezes, que nos trocou, que não nos respeitou, enfim, que não nos ama de verdade. Falta paixão por si próprio... falta ponderar a razão e a emoção" Falou pra mim, né? Eu juro que eu tô mudando! Juro!

Riccardo Joss disse...

Vilelinha, cinema e as questões pessoais são mais importantes que política. Até o Rochinha o é. Política é assunto de gente de segunda categoria, nem esquenta com isso. Ouça sempre seu tio Rick. Beijo.