terça-feira, 18 de agosto de 2009

Me consome

Hoje eu acordei com frio. Um frio diferente, que tomava meu peito. Um frio que deixava de lado todo o calor goianiense que já se formava às sete da manhã. Um frio que me congelou e que me fez enrolar e rolar na cama. Um frio que cobertor nenhum aquecia, que a falta congelava, que o silêncio consumia. Era como se tivesse em um filme antigo, uma paisagem preta e branca, uma monotonia sem fim. Ou talvez nem fosse isso... talvez, a palavra certa seria falta, seria saudade!



"A presença da ausência me consome". Penso, reflito, devaneio, me escondo nesse pensamento. São inícios de semanas penosas, complicadas e doídas. A falta de pele, de toque, de beijo de boa noite e de bom dia, de pés macios acariciando-se, de braço suado, de encaixe perfeito. A cama grande, o lençol amassado nos lugares errados, o travesseiro faltando, o cobertor de casal vazio. Dói não sentir o ar que sai da sua respiração, dói muito não sentir o seu cheiro bom ao acordar, o gosto de café quente na boca macia, o sorriso perfeito, o brilho único do olhar. É a força que falta para seguir meus dias.

Resumo tudo em espera, em força e em projeções. Reúno forças no futuro próximo, na chegada no meio da semana, no final do dia, no coração acelerado, nas mensagens recebidas. Sonho com um futuro certo, com idas e vindas compartilhadas, com complementações. Tenho no coração, hoje - e para sempre, o amor que só sentimos uma vez na vida. O amor com o qual sonhamos, criamos nossos contos de fada. "Carrego o seu coração comigo. Carrego-o no meu coração". Se for preciso, sempre esperarei você chegar, porque só com você me sinto completo, definitivamente.

Não consigo e não quero mais imaginar a minha vida sem você! A saudade, quando você não está, é mais significativa, é mais entendida. Dói, aperta, esfola, consome...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Sobre sentimentos, casos e acasos

Gosto do sorriso natural ao ganhar uma flor quase murcha, só por sentir o significado da verdadeira intenção de dá-la. Gosto de beijo surpresa, ou roubado, só por fazer meu coração estalar e se anestesiar segundos seguintes. Gosto da mensagem de madrugada por ser a hora que menos espero recebê-la. Gosto do carinho redigido no guardanapo à mesa do bar. Gosto do pulo na piscina, acompanhado do abraço quente que me protege da água fria. Gosto de levantar da cama para apagar a luz e deixar meu amor deitado, confortavelmente tranquilo. Gosto da companhia nos momentos chatos, por ser uma das provas do quanto sou importante. Gosto da mesa detalhadamente posta para mim, do lençol esticado, do travesseiro fofo, do perfume cítrico. Gosto da frase dita, das verdades que saem do coração.

Sentimentos. Se procurarmos em dicionário o verdadeiro significado dessa palavra, denotaremos que sentimentos são, de forma genérica, informações que seres biológicos são capazes de sentir nas situações que vivenciam, no dia a dia, a cada segundo que passa. Felicidade, amor, carinho, afeto, medo, empatia, antipatia, ódio, alegria, tristeza. São tantos, que ninguém conseguiria descrevê-los, de fato, detalhadamente. Às vezes [quase sempre], paro e fico pensando o que isso tudo significa para mim. O quanto o amor move a minha vida; o quanto meu coração enche de tristeza nas despedidas; o quanto fico de mau humor quando tenho que acordar mais cedo; o quanto fico indignado com a inveja, com a indiferença e com o descaso; o quanto fico radiante com a companhia de alguém especial.

Escrevo sobre o amor, sobre as alegrias da vida, dos passeios no parque, da tarde quente e aconchegante, do azul bonito do céu, do sorriso na rua, dos abraços, da companhia insubstituível, do sol quente, do verde das plantas, do contraste das cores, da beleza da água quando estou verdadeiramente feliz. Escrevo da ausência, da saudade, do abandono, da frase não dita, da espera boba, dos porquês que incomodam quando estou triste, melancólico, melodramático. Escrevo do trânsito caótico, do abuso no trabalho, da falta de responsabilidade, do motoqueiro que quase bateu no meu carro, do não entendimento, das obrigações chatas quando estou com raiva, indignado, com ódio momentâneo.

O fato é: tudo que faço bem, ou que tento fazer bem, depende do meu estado emocional. Acredito que não tem como separar os sentimentos do 'físico'. Minha pele fica mais bonita, minhas rugas diminuem, meu intestino funciona melhor, minhas roupas me vestem melhor quando estou mais feliz. É notório. Então, como dizer que não são questões que se complementam? Ou melhor, o sentimento é uma questão que determina todas as outras. E a partir de então, começamos a perceber que os acasos, ou os casos e causos de nossas vidas foram e são determinados pelos nossos sentimentos. É simples! Posso estar transbordando de alegria, mas se acontece alguma coisa inesperada que me incomoda, que me deixa preocupado, a felicidade se transforma em uma expressão marcante, um determinante. Entendem?

Gosto muito do texto "Relacionamentos", do Arnaldo Jabor, que fala sobre sentimentos, experiências, considerações e visões sobre o quanto precisamos enxergar algumas verdades de outra forma. Mas discordo um pouco aqui: "... E não temos esta coisa completa. Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama. Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel. Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador. Às vezes ela é malhada, mas não é sensível. Tudo nós não temos"! Como assim, tudo nós não temos? Concordo que, de fato, as coisas são assim. Mas falo que discordo porque acredito que isso também depende de nós. Meu amor é perfeito para mim, mesmo com seus defeitos. E o restante? Basta eu tentar mudar. Se eu não vou ser para o outro tudo aquilo que ele gostaria, porque ele tem que ser para mim tudo o que eu queria? Somos mutáveis, e até isso depende do quanto gostamos, queremos de verdade, acreditamos. Tudo depende de encaixe, de vontade, de empenho.

Para o dia ser belo, é preciso que eu acorde de bom humor, de sorriso de orelha a orelha, de pé direito, de calor, de aconchego. É simples, é coerente. Meus sentimentos fazem com que eu siga meus dias, mais ou menos empolgado, mais ou menos confiante, mais ou menos determinado. As surpresas boas, geralmente, vêm quando eu estou radiante, quando tudo está bem; as ruins insistem em fazer com que eu repita: "tudo pode piorar mesmo!" E assim seguimos nosso fluxo, sem, muitas vezes, perceber o quanto isso nos rege, o quanto queremos e esperamos por sentimentos bons...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Mais que seu filho, eu sou seu fã!

“Naquela mesa ele sentava sempre, e me dizia sempre o que é viver melhor. Naquela mesa ele contava estórias e, hoje, na memória, eu guardo e sei de cor. Naquela mesa ele juntava gente e contava contente o que fez de manhã; e os seus olhos era tanto brilho, que eu, mais que seu filho, eu fiquei seu fã!”

Falar de pai, é falar de amor de pai, amor de filho, de gratidão, de cumplicidade, de exemplo e de espelho; falar de broncas, de gestos, de memórias, de puxões de orelha, de gargalhadas, de uma vida inteira; falar com o coração, falar com a alma e com o simples sorriso dele que eu carrego comigo. Letras de músicas, de poemas, de cantigas e de histórias – os nossos pais são inspiração para tudo nesse mundo. Meu pai, sem dúvida nenhuma, é meu ídolo!

Quando nascemos, não conseguimos distinguir nada; ainda não temos a noção do que logo adiante está preparado e pronto para nós. E a partir daí, precisa-se de muito pouco para começarmos a perceber que aquela mão grande e confortável é e será a nossa fortaleza. É a mão que estará ali, pronta para ajudar e acudir a gente, sempre que precisarmos. Os nossos pais, o meu pai, foi o alicerce inicial necessário para que pudesse, de fato, nascer... foi o presente de Deus na minha vida, e foi o que de melhor poderia ter acontecido; uma das maiores provas de Seu amor por mim. Meu pai é meu exemplo!

É impossível não lembrar da lágrima presa aos olhos, quando ele nos deixou pela primeira vez no colégio chorando. É impossível não notar a força que ele sempre nos passou, mesmo quando sabia que não estava nada bem. É impossível não agradecer o abraço forte, apertado, o aconchego, o carinho sem jeito, o sorriso embargado, o gesto desengonçado. É impossível não agradecer o grito, o entusiasmo, a companhia nas competições de natação, no campo de futebol, na luta do judô, nos festivais de ballet, no jazz, ou nas rodas de capoeira. É impossível não se referir à confiança de todas as horas, dos passeios aos domingos, das reuniões de família quando ele pedia silêncio, com a voz forte e grossa, para que pudéssemos fazer a oração. O churrasqueiro das reuniões, o motorista das idas à distribuidora, o despertador dos domingos de missa, o super-herói dos nossos melhores filmes, o galã da novela das oito. Meu pai é aquele que eu sempre quis ser!

Aqui entra uma questão conflitante: é impossível ser igual aos nossos pais. Meu pai é o melhor! "Filho de peixe, peixinho é!" Confesso que tento, ao máximo, ser tudo aquilo que ele é, e tudo aquilo que ele significa para mim, minha família e até mesmo meus amigos. Me sinto tão orgulhoso quando ouço: seu pai é o máximo! Estufo o peito e repito: meu pai é o máximo! Então o tempo vai passando, as coisas vão mudando, e continuamos amando cada vez mais os nossos pais. A educação que ele me deu, as palmadas bem dadas, a coragem de me deixar crescer e me entregar ao mundo. A confiança de ter entregado o carro pela primeira vez, a bronca na minha mãe quando ela quis ligar no meio da madrugada, o dinheiro escondido, o esforço de me dar uma viagem de presente. Meu pai é meu anjo da guarda!

'Pai, Eu não faço questão de ser tudo. Só não quero e não vou ficar mudo para falar de amor para você! Pai, eu cresci e não houve outro jeito; quero só recostar no teu peito, Para pedir para você ir lá em casa... Pai, você foi meu herói, meu bandido; hoje é mais, muito mais que um amigo. Nem você nem ninguém está sozinho. Você faz parte desse meu caminho, que hoje eu sigo em paz!' Meu pai é meu mundo!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

O agora, para sempre!

Não importa o que pensam. Não importa o quanto parece loucura. Não importa o que digam. Reiterando: não importa (mesmo!) o que digam! É de coração, é de alma, é de semblante, de toque, de semelhanças, de complementações. É de abraços, de toques, de prazeres, de beijos molhadas, costas suadas, pernas entrelaçadas. É de saudades, de abismos, de despedidas, de solidões, de falta. É de igualdade, de ternura, de sentimentos, de apertos e de puxões. É de chocolate, é de sal, é de diferenças, é de misturas, é de inexplicáveis coisas. É de pensamentos, é de coincidências, de transmissões, de nostalgia, de afazeres. É clichê, é novo, é eterno, é de sonhos, de projeções e de vontades.

Eu já repeti, poucas vezes, algumas frases e vontades na minha vida. E tudo na minha vida transborda amor! Amor. Sentimento mais 'usado', falado, sentido, esbofeteado, apedrejado, cuidado, almejado, querido sobre o qual já ouvi falar. Prometi um 'para sempre' que até cheguei a achar que não existiria, em nome dessa certeza. Prometi a companhia de alguém que estaria realmente ali; mas os infortúnios e os contratempos insistiram em não cuidar daquilo, de nós, dos outros, de todos. Disse que tinha certeza de algo, mas não bastou, já que não tinham certeza da reciprocidade. Já sonhei com vidas se cruzando, se agrupando e realizando a eternidade... eternidade que só o amor promete, permite e abrange.

Não tenho intenção de falar do amor (enquanto sentimento) em si, em suma. Não temos propriedade para isso; ninguém tem. Mas falo do meu amor, daquilo que sinto, das minhas certezas... ainda mais certas do que nunca. Os amores de amigos, que se tornam nossa família; a frase bem pregada de uma 'irmã' ao dizer: "Seja benvindo à nossa família!" Um afago ao coração. Um abraço do amor de avó, um aperto no coração ao despedir dos pais, da minha 'vida'! A falta que me faz, o sentido que me completa, o valor que começo a dar a tudo que me cerca.

Exagero é não se entregar, é ter medo, é não acreditar. Exagero é deixar a desilusão, as experiências passadas, os tombos, os tropeços, os erros atrapalharem o presente, o futuro. Exagero é não lidar com os problemas, com a insegurança, com o julgamento, com a desconfiança. Exagero é não amar! Pouco tempo, muito tempo, tempo necessário... O amor transforma essa propriedade em algo relativo; só ele tem esse poder. 'Todos nós temos o nosso tempo!' Ou 'cada coisa no seu tempo'. Quando vi, estava não só transbordando, mas jorrando amor. E é assim que me sinto realmente feliz.

No passado, cheguei a sonhar coisas semelhantes; repeti alguns jargões, fiz frases ditas, encaixei peças necessárias. E, hoje, tenho orgulho de dizer que foram necessárias. Foram necessárias para me mostrar o quanto hoje é mais completo, mais seguro, mais forte, mais certo! Necessárias para que eu aprendesse que não basta querer sozinho. Necessárias para me mostrar que não dá para seguir tentando, insistindo, sofrendo; que quando menos esperamos, Deus nos dá. Necessárias para me fazer acreditar que existe alma gêmea, que existe 'a metade da laranja'. Necessárias para fazer com que eu veja que está na hora, que agora sim é o que sempre quis. Necessárias para serem cuidadas, acariciadas e minuciosamente regadas. Necessárias para dizer: eu te amo, e é com você que quero viver o meu 'para sempre'!