quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Me incomode, sempre

Como todos os outros, ontem, o meu dia foi muito especial. Fomos a um grupo da Renovação Carismática, na Servos de Deus, e a reflexão da noite foi interessantíssima. Uma coisa divina mesmo; é a única maneira que dá para explicar. As músicas antigas, que gostamos de ouvir sempre que voltamos a frenquentar a Igreja; uma, dua, trêz vozes maravilhosas em coro; pessoas muito ungidas, abençoadas, e a melhor companhia do mundo. Tudo se encaixa perfeitamente, e não há como não grudar os joelhos no chão e não agradecer... agradecer a vida, as conquistas, os presentes e, claro, até mesmo os problemas.

"Eu quero ser incomodado!" Essa foi a frase da noite. Estranho quando paramos para pensar o sentido literal dessa palavra. Estranhíssimo, para falar a verdade. "Causar incômodo a; molestar: incomodar os vizinhos. Desgostar, aborrecer: não me incomode tanto. Causar incômodo a si mesmo; molestar-se, cansar-se, zangar-se. Dar-se ao trabalho de; preocupar-se: não se incomode, por favor." Minha cabeça virou um turbilhão. Em meio às palavras maravilhosamente colocadas na boca daquele homem, eu me sentia vivo, tocado, mexido.

"Eu quero ser incomodado pelo seu amor!" Então veio, realmente, a reflexão sobre a qual quero comentar. Ele falava com o coração, ele dizia que Deus queria ser incomodado pelo nosso amor, que Ele queria sentir o quanto nós o amamos. E tudo isso tem um pouco a ver com o texto anterior. Nós, por todos os motivos que estamos cansados de perceber, ignorar e relevar, estamos acostumados a não demonstrar o amor por quem amamos. Não só por Deus, digo. Por todos! É um amigo de infância que escolheu uma profissão diferente, é a família, os amigos recém-sumidos, os amigos do peito, o amor da sua vida... Com o tempo, a coisa vai ficando de escanteio. E faz mal! É ruim.

Eu quero ser incomodado sempre pelo amor, e pelas demonstrações de amor,' dos meus amigos, que tanto me fazem falta, mas que mesmo sabendo [ou por saber] que os amo, insistem em não me 'incomodar'. A mensagem de madrugada, a ligação fora de hora, a palavra certa na hora errada. Quero ser incomodado pelo amor do meu amor, sempre, para me sentir vivo, quente, acolhido, especial. É coisa de alma, de alma gêmea. Não me vejo em uma rotina monótona de costumes e seguranças, que fazem da gente robôs que vivem o dia a dia da maneira mais mórbida e infétida possível. É necessário movimento, cutucões, beliscões e empurrões.

Quero explodir os pulmões ao gritar e incomodar as pessoas que eu amo, que eu dedico meus segundos de pensamentos, lembranças e nostalgias. Quero ser incomodado pela minha família, que se acostumou a só esperar meus telefonemas com as notícias boas, e nem sempre boas, do meu dia. Quero ser incomodado pelo favor, pela cobrança, pelo amor de quem devota um tanto de sentimentos bons por mim. Quero ser sempre incomodado pela pessoa que eu escolhi dividir todos os segundos dos meus dias, dividir o meu para sempre, provando o quanto o amo, e o quanto vou incomodá-lo por me tornar melhor; realmente 'incomodado'.

Eu quero, definitivamente, que as pessoas que gostam de mim, me incomodem sempre. Porque, dessa forma, todos estarão comigo o tempo inteiro. E eu quero incomodar quem eu amo, provando o quanto esse amor é sincero, e o quanto ele faz parte do meu todo. Eu quero incomodar. Eu quero ser incomodado!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Acostume-se a não acostumar

A gente se acostuma a acordar cedo todos os dias, e a ficar sem as oito horas de sono necessárias. A gente se acostuma com o trânsito caótico, com o calor insuportável, com a falta de tempo e a correria. A gente se acostuma com a falta de pai e mãe, de amigo e parentes queridos. Se acostuma a não receber bom dia, e ignorar quem te ignora. A gente se acostuma com os problemas políticos e com os juros altos. Acostuma a não receber em dia e a pagar as contas atrasadas. A gente se acostuma até com os problemas de saúde. A gente se acostuma a acostumar com tudo!

A gente se acostuma a não sofrer como da primeira vez. Se acostuma a passar um dia longe, e aceitar que no outro dia tudo volta ao normal. A gente se acostuma com a cama vazia, ou até mesmo com ela cheia, quando não mais acordamos com o entusiasmo de outrora. Se acostuma a esperar o amigo ligar, e se ele não ligar, a gente se acostuma a falar que ele sumiu, e que não gosta mais da gente. A gente se acostuma a esperar, a receber.

A gente se acostuma a trabalhar nos finais de semana e feriados, e até mesmo nas madrugadas. A gente se acostuma a engolir sapos e vespas. Se acostuma a não mandar mais mensagens como antigamente; se acostuma com a certeza, com a dúvida e com o medo. A gente se acostuma com as desavenças, com os barrancos e com os erros. Se acostuma com as manias. A gente se acostuma com o dia a dia.

Não falo sobre isso como se fosse um problema, ou uma coisa ruim. Falo disso por que é a ordem das coisas, e tudo isso acontece de maneira natural, sem que soframos muitos impactos ou sustos. Tanto é que, pouquíssimas vezes, paramos para realmente pensar sobre! A segurança, as certezas, a rotina, a sequência são fatores que fazem com que lidemos bem com isso, de forma que não há problema em acostumar-se. Adianta falar que depois de pensar tais coisas, eu irei mudar tudo? Que eu irei acampar na porta da empresa que não me paga? Que irei militar a favor da saída do Sarney? Que irei dormir mais cedo?

Ahhh... Mas o amor [olha ele aqui de novo!]. O amor sim, faz a gente mudar, a gente melhorar, a gente, pelo menos, tentar ser o melhor para o outro. O amor de família, o amor de amigo, o amor de vida! Eu não vou me acostumar com a falta de beijo apaixonado; eu não vou me acostumar a não fazer surpresas para meu amor; eu não vou deixar que o cansaço me vença. Problemas? Todos nós temos, mas isso serve para fortalecer ainda mais o sentimento que é real, que é sincero e que já é parte inteira de você! Pelo amor, tudo! Eis aqui um pouco daquilo que eu prometo ser sempre para você! Porque o amor me move...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Para o amor, o tempo é relativo

Poucas vezes eu tive a sensação de que conhecia uma pessoa há mais tempo do que realmente a conheço. É uma coisa engraçada de pensar, de analisar e, claro, de tentar entender. Há dois meses, conheci a pessoa mais especial da minha vida. Mas a sensação é de que tem dois anos que estamos lado a lado, juntos todo o tempo. Eu sei que é coisa de pele, de alma, de química; uma coisa que transcende o físico. Acreditem se quiser, mas realmente, chego a pensar em outras vidas e, às vezes, chego a cogitar o fato de comentar tão doce teoria.

Ficaria piegas falar mais uma vez em toques, beijos, abraços. Nada mudou, e tenho certeza de que essa perfeição vai continuar da mesma forma. Quando amamos de verdade, vivemos isso de forma bela, plena; vivemos para isso, porque, afinal, é o que nos deixa realmente feliz. As coisas vão, naturalmente, acontecendo.



Então chega a data. Hoje estamos fazendo dois meses! Mas é só esse tempo mesmo? Parece que tem mais; muito mais! E volta aquela velha reflexão de tempo. Tempo é relativo. Sabemos que não tem tempo exato para que o amor nasça, que não tem tempo exato para que ele se fortaleça, que não tem tempo para que as coisas aconteçam. É aquela velha máxima: nada é igual, nada é imutável. Não soaria nada estranho se eu falasse que quando te vi pela primeira vez, sabia que seria você! Eu lutei por isso, e nós fomos nos encontrando, nos moldando e nos fortalecendo.

Um amor dura uma vida toda. Uma vida dura um dia, dois dias, três ou quatro... uma vida dura o quanto você faz dela especial, alegre, cheia de coisas e de sentimentos bons. Uma vida dura enquanto você a divide com outra pessoa, quando você se encontra no outro, quando você se sente completo ao estar com o outro. É um sentimento de eternidade, de intimidade, de assiduidade, de devoção. É o pouco do quanto eu quero ser para meu amor! E eu quero ser sempre o melhor que puder.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A menina em seu espelho

Ontem aconteceu uma coisa inusitada; digo, diferente. Ao conferir minha caixa de email pela milésima vez, como rotineiramente faço todas as manhãs, recebi um pedido de uma amiga, de uma amiga querida. "Rod, quando nao tiver ideias. Poste. É assim que ando me sentindo!" Confesso que fiquei surpreso, um pouco desentendido, e um pouco admirado. Ao ler aquelas palavras, consegui entender o que ela está sentindo, consegui entender o que ela estava querendo dizer. Falo isso porque, em algum momento de nossas vidas, todos sentimos isso. É um pesar, um fardo que todos carregamos. Há identificação, há semelhanças. E apesar de estar na melhor fase de minha vida, sou solidário a isso, sou apaixonadamente solidário a esses sentimentos.

Existe uma uma menina em meu espelho que eu quero saber quem é. Às vezes eu penso que a conheço, às vezes eu realmente desejo conhecê-la. Tem uma história em seus olhos: canções de ninar e despedidas quando está olhando para mim.
Eu posso dizer que o seu coração é machucado facilmente
Porque a menina em meu espelho está gritando esta noite. E não há nada que eu possa lhe dizer para fazê-la sentir melhor. A menina em meu espelho está chorando por sua causa e eu gostaria que houvesse algo que eu pudesse fazer
Se eu pudesse eu lhe diria para não estar receosa. E que a dor que está sentindo, a sensação de solidão irá acabar
Então seque suas lágrimas e descanse, o amor a encontrará como antes. Quando ela está olhando para mim, eu descubro que nada é tão fácil assim
Eu não posso acreditar no que vejo - a menina no espelho sou eu.


Por Tainá Rakan Borela. Um suspiro, um pedido de uma amiga, um abraço forte.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Sensitividade natural

Eu sempre soube que as pessoas não nasceram para ficar sozinhas. Mesmo assim, como todos, nos momentos mais difíceis, de fraqueza, cheguei a acreditar no contrário. Praguejei algumas calúnias e esmurrei o ar com luvas de boxe. Senti-me injustiçado, vítima e sem vida. Fui infame ao achar que seria um solteirão solitário, acompanhado das taças de champanhe metade vazias, e das noites vagas. Quis que todos os meus amigos se mantivessem assim, e que seguissem o fluxo natural do meio, do dia a dia, das rotinas existentes.

E todos os acontecimentos me levaram a pensar no quanto somos mutáveis, e no quanto aprendemos com as experiências, com a convivência e com o passar do tempo. Sei que estou mudando, e que faço isso porque me sinto bem, me sinto feliz, me sinto realizado. Hoje, posso enumerar diversas situações, ou diversos jeitos de se enxergar a vida. Com você, tudo é mais claro, mais coeso e simples. As manias que o outro carrega faz com que me veja induzido a adquiri-las; no início, mais para agradar do que, de fato, se tornar uma necessidade. E então, tudo começa a ficar gostoso, natural.

A cama sempre arrumada, as roupas guardadas no devido lugar, o lençol esticado, a casa sempre limpa. O tempo me mostra o quanto é bom adquirir essas responsabilidades e o quanto é bom se aproximar de coisas que, naturalmente, vão se tornando suas. Aí logo depois você começa a sentir falta de passar as mãos nas costas, de colocar a mão no meio da perna, de deixar a luz baixa, de sentir o lugar quente. Começa a entender que, naturalmente, aquilo faz parte da sua vida... que aquilo, de fato, é a sua vida! É a melhor sensação do mundo. É indescritível!

Imaginem quando está longe! Imaginem quando você acostuma com tudo isso e, de repente, você se vê um ou dois dias distante e, então, você, literalmente, não sabe o que fazer, como agir e até mesmo o que falar. Falta! É questão de metade. E que seja metade da laranja, a tampa do jarro, o parzinho do vaso, o cadarço do tênis, a moeda mais importante da coleção, a alma gêmea. Mas aí você para e começa a pensar: logo logo mais conquistas. O apartamento, as meias na mesma gaveta, as roupas no mesmo guardarroupas, os mesmos gostos adquiridos, as mesmas vontades, os mesmos sonhos...