sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Às juras de amor eterno

Era uma noite de segunda-feira, talvez terça, não me lembro ao certo. Daqueles dias em que você não quer sair da cama, não quer sorrir e muito menos se socializar. Com a chegada da noite, e o peso sufocante que refletia um dia cansativo de expectativas e projeções, eis que surgiu um convite. Um convite para passar a noite em um lago - no meio do lago, para ser mais exato - em um chalé, dentro de um condomínio fechado. De início, a proposta pareceu mais tediosa do que estava sendo aquele dia, mas a mente não podia ficar vazia, já que era a hora do árduo e massante expediente da 'oficina do diabo'.

Às 21h30, aproximadamente, quando não se tinha mais nenhuma alternativa, parti rumo àquele encantador lugar. Entre um cigarro e uma Heineken, começamos a conversar. Éramos três, na ocasião... com uma visita de dez minutos, no meio daquela que prometia ser uma noite de risadas contidas e de reflexões pesarosas. Falamos de nós; e nada mais além do que isso! Tínhamos muitas semelhanças, afinidades, mas as diferenças, nesse meio tempo, foram mais significativas.

"Por que não consigo me apaixonar por outra pessoa?" "Por que não consigo me entregar de verdade?". Essas perguntas seriam o marco daquela noite, seria nosso ápice, o clímax... e que clima! O preâmbulo dessa conversa começou com a dúvida de que se amor verdadeiro é só um mesmo para toda a vida, e chegamos à nenhuma conclusão. Apesar de acreditar que isso é relativo e efêmero, como grande parte das coisas de nossas vidas. Eu ainda não consegui me entregar, mas eu sei o quanto posso me apaixonar, e sei que posso amar de novo.

Mas aí a coisa ficou tensa! Tensíssima! O fantasma do amor, do passado, daquele relacionamento que terminou por causa das diferenças e intolerância, existe na vida de todos aqueles que amaram - ou amam (e muito!), na verdade! Nós três nos questionávamos por que o outro, aquele, aquilo, insistia em reaparecer, nos perturbar, colocar dúvidas em nossas cabeças... Sem perceber, descobríamos uns dos outros que a história se repetia, com suas várias nuances, mas com a mesma essência. E voltávamos a devanear: por que não me apaixono por outro? Por que não consigo amar outra pessoa?

E depois de horas a fio, voltando para casa, percebi que se há amor, há problemas, e que se há problemas, mas ainda há amor, é por que não acabou, e pode se dar uma outra chance, ou duas, ou mais... Enquanto houver amor, e só enquanto houver amor! Mesmo sabendo que pode acabar de novo, sofrer de novo, tem que se dar uma chance. É certo que nem todos mudam, mas se é pra sofrer, que seja de tentar, que seja de insistir, e não de ficar sozinho em casa em uma noite que tem tudo para ser bonita, mas que, na verdade, sufoca o peito, a alma, e esfria a cama vazia. Se for pra sofrer, que seja por amor, por tentar, por se entregar ( e insisto, enquanto houver amor!) e não por esperar que se ame outra pessoa. Que não soframos por esperar por algo que pode não vir, mas que soframos por tocar aquela alma mais uma vez, mesmo que a dúvida assole, e que saibamos, lá no fundo, que o final é iminente!

7 comentários:

Anônimo disse...

Se isso tudo que ta escrito foi por voce mesmo, parabens porque o texto ta maravilhoso. Abraço. Paulo Cezar

wanderson Gaspar disse...

Meu amigo,quão sabias são essas palavras. Muito obrigado por me ajudar a confirmar aquilo que estou aprendendo a acreditar, que não devemos parar de tentar.

Marlon Vila Nova disse...

Lindo texto, Rô. E eu concordo com vc em todas as palavras. É isso mesmo. Saudades de vc!

Ludmila disse...

Adorei o teeexto, parabéns! ;)
O mais interessante é saber que nós passamos por diversas experiências e que delas conseguimos tirar um conhecimento tão belo, como esse.

Unknown disse...

Uau, bem bacana isso!!
Gosto do discernimento e coesão tanto do texto quanto dos teus sentimentos.
Muito bom.
Alegrou minha alma.
Abraços.

Unknown disse...

texto lindo para essa semana que é de reflexão. parábens morzão!

Cecília Dantas Ribeiro disse...

Realmente, hoje seus textos vão acabar comigo.. Amei o último parágrafo..